A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) de Senado promoveu hoje uma audiência pública para discutir medidas de combate à dengue, à febre amarela e à malária. Representantes do Ministério da Saúde, das secretarias estaduais e municipais de saúde, além da Sociedade Brasileira de Doenças Tropicais debateram principalmente o surto de dengue que ocorre atualmente no Rio de Janeiro.
Os convidados destacaram os problemas que contribuíram para o aumento de casos no estado e também no resto do país. Falta de saneamento básico, grande quantidade de descartáveis jogados no lixo e caixas d’água, que se tornam “criadouros” do mosquito aedes aegypti, foram os exemplos citados.
"A sociedade de consumo multiplicou fatores de risco epidemiológico, como o uso de descartáveis" ressaltou Marcos da Silveira, do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde. "Na região periférica do Rio de Janeiro, há uma infinidade de caixas d’água a céu aberto. Isto devia ser eliminado”, completou.
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O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Pedro Luiz Tauil , alerta para outro risco quando há um aumento dos casos de dengue. “O que nós tememos é o aparecimento da febre amarela urbana com a presença do mosquito aedes aegypti na cidade”, afirmou. “O mosquito da dengue não é de grandes vôos. Ele é domiciliar, vive junto nas habitações. Não é coincidência a epidemia ter ocorrido principalmente na baixada fluminense, área de grande densidade populacional”, disse.
Pedro Luiz defendeu mais investimentos na pesquisa de uma vacina para a dengue, assim como a que existe hoje para a febre amarela. "Nós não temos armas suficientes para combater a dengue quanto a febre amarela. A minha esperança é a disponibilidade dessa vacina”, ressaltou.
Durante o debate, os participantes também criticaram o financiamento da saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Este sistema pode estar agonizante e nós não temos nada melhor para colocar no lugar", disse Jurandir Frutuoso, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS). Ele mostrou os cortes feitos no orçamento de 2008 para o combate e prevenção de doenças endêmicas.
"Quando eu vejo um carro de fumacê eu me tremo todo, porque é um sinal de que tudo falhou", afirmou. “Não é só o Rio de Janeiro, você vai ver que vai ter outros estados com a situação se agravando”, destacou o secretário .
O secretário-adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde, Fabiano Pimenta, preferiu destacar os investimentos feitos governo federal. De acordo com Pimenta, 575 milhões foram transferidos para estados e municípios para prevenção e combate à dengue.
Rio de Janeiro
Ontem o secretário estadual de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, anunciou que irá recrutar pediatras da rede pública de outros Estados do Brasil para ajudar no atendimento a crianças com suspeita de dengue na cidade do Rio. Subiu para 67 o número de vítimas fatais causadas pela dengue no estado. (Tatiana Damasceno)