Opiniões unânimes em ambientes universitários são raras. No caso das ocupações contra a política educacional do governo Michel Temer (PMDB) não é diferente. Na Universidade de Brasília (UnB), onde alunos ocupam a reitoria desde segunda-feira (31) e têm avançado para outras faculdades, a oposição interna aos protestos já apareceu. Integrantes do chamado movimento “Respeita Minha Aula” pede o fim das ocupações e o retorno às atividades acadêmicas normais.
Se nos primeiros dois dias da ocupação o movimento cresceu e chegou a ter adesão de 18 faculdades, atualmente tem perdido força devido às críticas ao protesto. De ontem (quinta, 3) para hoje (sexta, 4), pelo menos 12 faculdades e diretórios votaram contra a ocupação. Na mais significativa das assembleias, os alunos do campus de Ceilândia decidiram por 265 votos a 160 não ocupar o local. Na ocasião, os votos foram dados em papel, com urnas e em um auditório lotado.
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Risco de atraso no pagamento
Em nota, a reitoria da UnB se posicionou contra a ocupação dos prédios da instituição e ressaltou que os protestos podem ter consequências graves, como o possível atraso no pagamento da folha de servidores técnicos e docentes e também no repasse aos bolsistas. A universidade ressaltou, ainda, que “se coloca contrária a quaisquer atos de partidarização e de violência na UnB”.
Veja a íntegra da nota da reitoria da UnB:
“Nota à comunidade sobre as ocupações na UnB
A reitoria da Universidade de Brasília reconhece o caráter nacional das manifestações estudantis em curso. Entretanto, posiciona-se contrária à ocupação dos prédios da instituição, ocorrida nesta semana.
A ocupação prejudica, principalmente, a própria comunidade universitária. Entre os prejuízos gerados pela tomada dos edifícios acadêmicos e administrativos da UnB estão:
1) comprometimento do fluxo de processos administrativos;
2) possível atraso no pagamento da folha de servidores técnicos e docentes;
3) ameaça ao fluxo regular do semestre e ao desenvolvimento de pesquisas científicas;
4) atraso no pagamento de bolsas referentes ao mês de outubro;
5) impedimento na prestação de contas a órgãos de controle externo;
6) atraso no pagamento de empresas terceirizadas e prestadoras de serviço;
7) perda de prazo para empenhos de recursos orçamentários. Caso o empenho não aconteça no prazo, o orçamento será devolvido aos cofres da União;
8) danos ao patrimônio público;
9) ameaça à aplicação das provas do Enem, marcada para os dias 5 e 6 de novembro, no Bloco de Salas de Aula Sul, no campus Darcy Ribeiro.
Além disso, a reitoria expressa preocupação quanto à integridade dos manifestantes e a participação de pessoas sem vínculo com a Universidade.
Em claro sinal de cerceamento ao direito à liberdade de imprensa, a redação da Secretaria de Comunicação, localizada no prédio da Reitoria, foi tomada pelos manifestantes, durante a ocupação iniciada na noite da última segunda-feira (31).
Por quatro anos, a atual gestão da administração superior defendeu o diálogo e o entendimento. E se coloca contrária a quaisquer atos de partidarização e de violência na UnB.
A reitoria seguirá avaliando o movimento e adotará todas as medidas que se mostrarem necessárias para garantir a preservação e a segurança da instituição.
Reitoria da Universidade de Brasília”