Nove dos 80 senadores aptos a participar da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (11) chegaram ao Senado sem ter recebido diretamente um único voto. A cassação do mandato de Delcídio do Amaral (MS) por quebra de decoro parlamentar reduziu o número de parlamentares votantes, mas ampliou a bancada dos parlamentares sem voto na Casa. Com exceção do suplente de Delcídio, o empresário Pedro Chaves (PSC-MS), que não será empossado a tempo, todos poderão decidir pelo afastamento ou não da presidente da República.
Com a posse de Chaves, que estreia na política sem jamais ter recebido um único voto nas urnas, o Senado terá dez senadores que chegaram ao Parlamento pela suplência. Destes, apenas Donizeti Nogueira (PT-TO), que substitui desde o início do ano passado a senadora licenciada Kátia Abreu (PMDB-TO) enquanto ela comanda o Ministério da Agricultura, está sujeito a voltar para casa a qualquer momento. Os demais têm direito a exercer plenamente o mandato até o derradeiro dia. Por diferentes motivos, viraram titulares.
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Além de Pedro Chaves, Wilder Morais (PP-GO) também foi alçado ao Senado devido à cassação do mandato do titular, no caso, Demóstenes Torres (GO), em 2012. Três senadores herdaram, literalmente, a vaga com a morte dos colegas de chapa: Zezé Perrella (PTB-MG), Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Dalírio Beber (PSDB-SC). Eles seguem o mandato para o qual foram eleitos os senadores Itamar Franco (PPS-MG), falecido em 2011, João Ribeiro (PR-TO), morto em 2013, e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), que morreu no ano passado.
Primeiro suplente de Itamar, Perrella herdou sete anos de mandato no Senado mesmo ter sido votado. O ex-presidente da República voltou ao Senado em fevereiro de 2011 e faleceu em julho daquele mesmo ano. Ele só conseguiu cumprir seis meses dos oito anos para os quais havia sido eleito. Como mostrou a Revista Congresso em Foco, o senador mineiro foi o segundo mais ausente em 2015: deixou de comparecer a 48 das 127 sessões reservadas a votações no período. Ou seja, mais de um terço dos dias em que a presença era obrigatória na Casa.
Presidente da comissão especial do impeachment, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) foi efetivado no mandato em 2014 com a ida do titular Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) para o Tribunal de Contas da União (TCU). Embora possam alegar que foram votados juntamente com os titulares, os suplentes raramente têm visibilidade na campanha eleitoral. Muitos são convidados para a suplência por motivos eleitorais, seja para atingir determinado eleitorado, seja para financiar a eleição.
Veja a relação dos senadores que chegaram ao Senado pela suplência:
PublicidadeAtaídes Oliveira (PSDB-TO) – assumiu o mandato em 2013 com a morte de João Ribeiro (PR-TO)
Dalírio Beber (PSDB-SC) – assumiu o mandato em 2015 com a morte de Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC)
Donizeti Nogueira (PT-TO) – exerce o mandato até a volta da titular, Kátia Abreu, atual ministra da Agricultura
Hélio José (PMDB-DF) – assumiu o mandato em 2015 com a eleição de Rodrigo Rollemberg (PSB) como governador do Distrito Federal
José Medeiros (PSD-MT) – assumiu o mandato em 2015 com a eleição de Pedro Taques (PSDB) como governador de Mato Grosso
Pedro Chaves (PSC-MS) – assumirá o mandato com a cassação de Delcídio do Amaral (MS)
Raimundo Lira (PMDB-PB) – assumiu o mandato em 2014 com a nomeação de Vital do Rêgo Filho como ministro do Tribunal de Contas da União
Regina Sousa (PT-PI) – assumiu o mandato em 2015 com a eleição de Wellington Dias (PT) como governador do Piauí
Wilder Morais (PP-GO) – assumiu o mandato em 2012 no lugar de Demóstenes Torres (GO), cassado pelo Plenário
Zezé Perrella (PTB-MG) – assumiu o mandato em 2011 com a morte de Itamar Franco (PPS-MG)