Os deputados que tomarão posse hoje farão parte de uma das composições com o maior nível de escolaridade já visto na história do Legislativo brasileiro. Dos 513 deputados eleitos, 413 (80,5%) têm formação superior completa e 37 (7,2%) começaram a graduação, mas não a concluíram. Entre os demais deputados, 51 (10%) completaram o ensino médio e apenas 12 (2,3%) cursaram apenas o ensino fundamental.
Além da graduação superior, o perfil predominante na nova Câmara é composto por deputados entre 30 e 60 anos, profissionais liberais não assalariados e pessoas que já exerceram algum cargo público.
Somados aos 270 (52,6%) deputados reeleitos, há pelo menos 200 (39%) novos deputados que já exerceram algum mandato. Os outros 43 (8,4%) novatos são artistas, religiosos ou parentes de políticos.
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Na categoria com o maior número de deputados, a dos profissionais liberais, há 256 parlamentares, sendo 87 advogados, 54 médicos, 47 engenheiros, 20 economistas, 15 administradores, dez jornalistas, seis contadores, quatro sociólogos, três arquitetos, três farmacêuticos, três médicos-veterinários, dois cirurgiões-dentistas, duas assistentes sociais, dois historiadores, uma fisioterapeuta, um psicólogo, um enfermeiro, um biomédico, um geógrafo, um geólogo e um representante comercial.
A nova Câmara também terá 120 empresários (92 urbanos e 24 rurais) e 19 operários, além de estudantes, religiosos, atletas, músicos e servidores públicos.
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a bancada ruralista será composta por 95 deputados e os evangélicos serão representados por pelo menos 40 parlamentares. As duas bancadas serão reduzidas com relação à legislatura anterior. Nela, os ruralistas eram representados por 111 deputados e os evangélicos por mais de 60.
Aumento de patrimônio
Tanto o número de empresários quanto o patrimônio médio dos deputados eleitos aumentou. No total, os 513 parlamentares informaram à Justiça Eleitoral que possuem bens que somam R$ 1,2 bilhão – R$ 128 milhões a mais que os empossados pela Câmara há quatro anos.
De acordo com as informações fornecidas ao Tribunal Superior Eleitoral, 165 deputados possuem mais de R$ 1 milhão em patrimônio. Entre os que se declararam milionários, 74 são novatos e 91 foram reeleitos.
Também é interessante ressaltar que tanto a campanha dos deputados quanto a dos senadores foi financiada por empreiteiras, siderúrgicas e mineradoras. Até empresas que estão na “lista suja” do Ministério do Trabalho por manterem trabalhadores em condição análoga à de escravos estão entre os doadores.
Essas empresas contribuíram para a campanha de cinco deputados e três senadores (leia mais).
Ao todo os 27 senadores eleitos declararam ao TSE ter arrecadado 35,02 milhões. Na Câmara, a média de arrecadações foi de R$ 500 mil. Entre os 513 deputados, no entanto, 59 declararam ter arrecadado e gastado mais de R$ 1 milhão. Desses, oito conseguiram levantar mais de R$ 2 milhões em recursos.
Mesmo com tantos gastos, os deputados foram eleitos por apenas 55% do eleitorado do país, de acordo com levantamento feito pelo Diap. Isso porque, como a votação leva em conta a proporcionalidade dos votos das coligações e o número de habitantes por região, alguns deputados de coligações fortes são eleitos mesmo tendo um número reduzido de votos nominais.
Participação feminina
Apesar de formarem a maioria do eleitorado brasileiro, as mulheres continuarão a ter pouca participação no Congresso Nacional. Entre os 513 deputados eleitos, apenas 42 (8%) são mulheres. No Senado, quatro mulheres (15%) conquistaram as 27 vagas disputadas.
Com o resultado das urnas, o Brasil continua no ranking dos 70 países com a menor participação feminina no legislativo, com um índice de apenas 8,9% de mulheres atuando no Congresso.
Entre as 42 deputadas que tomarão posse hoje, 17 foram reeleitas. Atualmente, há 45 deputadas no exercício do mandato.
No Senado, além das quatro novas vagas conquistadas, há outras três senadoras com mandato até 2011. (veja a composição do Senado)
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