Nesta quarta-feira, o jornal Folha de S. Paulo revelou que um grupo ligado a Collor recebeu R$ 26 milhões em propina do esquema de corrupção da Petrobras entre 2010 e 2014. As informações tomam como base o inquérito que tramita contra o senador no Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontam que assessores do Senado, colaboradores e empresas em atividade e de fachada atuavam, junto ao senador, para efetuar os repasses em contratos celebrados entre a Petrobras Distribuidora e a DVBR Derivados do Brasil.
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Nesta quarta-feira, Collor voltou a negar envolvimento no esquema de desvios de recursos da Petrobras e disse que é vítima de vazamentos seletivos. “Vazamentos que ninguém sabe de onde vem”, ressaltou o senador.
Ele também assinalou que é alvo de uma “sórdida estratégia promovida pela procuradoria Geral da República” visando a recondução de Janot ao cargo máximo da instituição. “É preciso que todos, parlamentares, mídia e população abram os olhos para muitos dos aspectos nebulosos que estão por trás destas investigações”, afirmou. “Utilizam-se do meu nome, utilizam-se da minha imagem, utilizam-se dos meus bens para se autopromover”.
Collor finalizou dizendo que se sente “humilhado” por uma “alcatéia que se apoderou do Ministério Público Federal”. “Mas tenho certeza que tudo a seu tempo e hora será esclarecido. A verdade virá a tona”, finalizou. No discurso, Collor assinalou que o Senado precisa ter responsabilidade no processo de escolha do novo procurador-geral da República, já convocando a Casa a endurecer uma eventual recondução de Janot ao cargo.
Nesta quarta-feira, inclusive, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) faz a escolha da lista tríplice que será encaminhada à presidente Dilma Rousseff no processo de escolha do novo procurador-geral. Janot é candidato e, dentro do MPF, é tida como certa sua recondução ao cargo.
De acordo com a força-tarefa da Operação Lava Jato, representantes do senador seguiam uma “cartilha” para maquiar o esquema com várias transações financeiras e depósitos fracionados para, assim, não chamar a atenção dos órgãos de controle. No entanto, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou operações suspeitas que somaram R$ 798 mil nas contas pessoais de Collor. Os depósitos realizados entre 2011 e 2013 teriam sido feitos pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato.