Camilla Shinoda
O Prêmio Congresso em Foco 2007 está mostrando que, diferentemente do que afirma o velho dito popular, política se discute, sim. Debate-se e analisa-se para saber, por exemplo, quem melhor representa a população no Parlamento. Indiscutíveis são a qualidade e o refinamento do Clube do Choro de Brasília, que confirmou sua participação na cerimônia de premiação dos melhores parlamentares federais do país.
A festa será na churrascaria Porcão de Brasília, no dia 26 de novembro, quando serão homenageados os parlamentares mais assíduos e 25 deputados federais e 16 senadores pré-selecionados pelos jornalistas que cobrem o Congresso (saiba mais). O presidente do clube, Reco do Bandolim, não poupa elogios ao se referir ao prêmio.
Para ele, trata-se de “uma iniciativa maravilhosa, fundamental para preservar a democracia no país”. No seu entender, “o prêmio mexe no coração do problema” ao dar visibilidade aos “bons parlamentares e aos parlamentares mais assíduos”. “O clube fica muito feliz em participar e apoiar uma iniciativa assim”, completa Reco.
Ícone da cultura
Com 30 anos de existência, o Clube do Choro se transformou em um dos principais ícones culturais de Brasília. De um lado, procura revitalizar e difundir a obra de grandes compositores nacionais, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos e muitos outros. Do outro, investe na formação de novos instrumentistas e criadores musicais e explora novas experiências estéticas, procurando nexos por exemplo entre o choro e outros ritmos (samba, bossa nova, jazz e até música pop).
Mais de 800 artistas – desde inúmeros músicos famosos até novos talentos em início de carreira – se apresentaram no Clube do Choro nos últimos dez anos, apresentando-se para um público estimado em mais de 450 mil pessoas. Apesar de hoje ser uma instituição reconhecida e de estar em vias de ganhar uma nova sede, assinada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a situação do clube nem sempre foi tão boa.
Ele foi criado por chorões da velha guarda carioca, que haviam mudado para Brasília junto com tantos outros funcionários públicos do Rio de Janeiro. “Vários funcionários da Rádio Nacional, seduzidos pelas oportunidades de emprego, vieram para Brasília. E aqui, no meio dessa terra de ninguém, acabavam aquecendo os corações em rodas de choro”, conta Reco.
De encontros de amigos a pequenas apresentações, em 1977, ao impressionarem Elmo Serejo Farias, o governador da cidade naquela época, os músicos ganharam um espaço, um antigo vestiário do Centro de Convenções. O sucesso inicial não durou muito. Após sofrer três roubos de equipamentos, o clube fechou suas portas em 1983.
Patrimônio nacional
Dez anos depois, em 1993, o governo do Distrito Federal resolveu que os chorões iam ter que sair da sede, já que ela não estava sendo utilizada. Para impedir isso, Reco se candidatou à presidência do clube e deu início a um projeto de revitalização. “Pagava os músicos com o meu salário de jornalista. A cerveja era eu quem levava em um isopor. Muitas vezes, eu ficava até mais tarde limpando o clube depois do show”, relembra.
Foi assim que o Clube do Choro voltou a chamar atenção do público. A partir de projetos temáticos de grandes nomes da música brasileira, consolidou-se, sobretudo, pela qualidade dos shows apresentados em seu palco.
Reco do Bandolim diz que o clube está tentando criar uma política da cultura, em falta no país. “Os políticos precisam entender que, para ter um Brasil forte economicamente, não é possível prescindir de uma retaguarda cultural”, argumenta. “Quem dá a qualidade de um país é o artista”.
Incansável, Reco e a turma do Clube do Choro têm feito sua parte: “Nós criamos a escola de choro, que era imprescindível ao nosso país. Estamos nos associando à UnB para criar um curso de extensão de choro. Além disso, recebemos a notícia de que o clube será declarado oficialmente patrimônio cultural e material do país”.
Ele também adianta que está preparando com a sua banda Choro Livre dois arranjos especiais para a noite de 26 de novembro. “Quero destacar duas músicas que faremos questão de tocar, Aquarela do Brasil, que considero um segundo hino nacional, e Brasileirinho”, diz.
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