O ex-deputado Ciro Gomes (PDT-CE) declarou estar indignado por ter sido incluído entre os 443 ex-parlamentares denunciados pelo Ministério Público à Justiça por peculato no caso da farra das passagens, como mostrou o Congresso em Foco. Em nota à reportagem (leia a íntegra abaixo), o pré-candidato à Presidência da República disse que não tinha conhecimento da denúncia e que sempre utilizou a verba da Câmara apenas para viagens oficiais. Ele conta que economizou R$ 200 mil da cota de passagens aéreas reservada a ele durante o seu mandato na Casa.
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O pedetista também encaminhou um comunicado de esclarecimento divulgado à imprensa em 18 de maio de 2009 pela TAM em que a companhia aérea informa que trocou os documentos do então deputado e de sua mãe para uma viagem aos Estados Unidos. O caso foi noticiado à época com exclusividade pelo Congresso em Foco. Segundo a TAM, a passagem da mãe do ex-parlamentar foi emitida como se fosse crédito da Câmara, e a dele constando como paga com recursos da família, numa confusão provocada pela loja da empresa em Fortaleza.
“Causa indignação que mesmo com os esclarecimentos feitos tanto por Ciro quanto pela companhia aérea que cometeu o erro, o Ministério Público inclua o nome dele em sua denúncia”, afirmou o ex-governador do Ceará por meio de sua assessoria. “Ciro tem mais de 36 anos de vida pública e nunca respondeu a nenhum inquérito por corrupção ou malversação do dinheiro público”, acrescentou. Em 2009, Ciro reagiu com indignação com a associação de seu nome ao caso. “Leviana e grosseira mentira”, bradou Ciro no plenário, sob os aplausos dos colegas. “Ministério Público é o caralho”, ditou em seguida para os jornalistas.
PublicidadeTambém entre os denunciados, o atual secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do governo Michel Temer, Moreira Franco (PMDB), e o prefeito reeleito de Salvador, ACM Neto (DEM), negaram à reportagem ter feito uso indevido da cota de passagens aéreas. Veja a lista dos 443 ex-deputados denunciados
As acusações contra 443 ex-parlamentares estão distribuídas em 52 denúncias assinadas pelo procurador Elton Ghersel. Caberá ao relator, o desembargador Olindo Menezes, preparar um voto recebendo ou rejeitando o pedido do Ministério Público. O voto dele será levado para julgamento na 2ª Seção do TRF 1. As denúncias foram apresentadas na última sexta-feira (28), mais de sete anos após o Congresso em Foco revelar a existência da farra das passagens. Por causa dessa série de reportagens, o site ganhou, em 2009, os prêmios Esso e Embratel/Tim Lopes.
Veja a íntegra da nota de Ciro Gomes:
“A assessoria de Ciro Gomes informa que ele desconhece a denúncia atual do Ministério Público, mas adianta que em 2009 Ciro esclareceu que nunca utilizou verba da Câmara dos Deputados para pagar passagens de avião a nenhuma pessoa que não ele mesmo e apenas para viagens oficiais pela Câmara. Na época em que tal denúncia foi destacada pela imprensa, a companhia aérea TAM fez um esclarecimento e pedido público de desculpas por ter cometido um erro na emissão de passagens. Causa indignação que mesmo com os esclarecimentos feitos tanto por Ciro quanto pela companhia aérea que cometeu o erro, o Ministério Público inclua o nome dele em sua denúncia.
Vale ressaltar que durante os quatro anos como deputado federal, Ciro Gomes economizou aos cofres públicos mais de R$ 200 mil reais das verbas de passagens de seu gabinete, recurso esse que voltou para o erário do Governo Federal.
Ciro tem mais de 36 anos de vida pública e nunca respondeu a nenhum inquérito por corrupção ou malversação do dinheiro público. Ciro, que já foi prefeito de Fortaleza, Governador do Ceará, ministro da República e deputado federal, abriu mão todas as vezes de receber aposentadorias vitalícias pelos cargos que exerceu.
Encaminhamos abaixo a nota da TAM divulgada no dia 18/5/2009:
‘Esclarecimento
A TAM esclarece que houve uma inversão entre os documentos de crédito particulares (pessoa física) da família do deputado federal Ciro Gomes e aqueles emitidos com recursos da sua cota parlamentar de passagens. O deputado e sua mãe, Maria José Gomes, embarcariam no mesmo voo, na mesma data, para Nova York. No momento da emissão dos bilhetes, a loja da companhia em Fortaleza trocou, inadvertidamente, os documentos de crédito, emitindo as passagens de Ciro Gomes com créditos particulares da família e os bilhetes de Maria José Gomes com documentos de crédito oriundos da cota parlamentar.
A TAM, no intuito de esclarecer o fato e garantir a integridade das informações prestadas, informa que enviará ofício ao Ministério Público Federal – autoridade que requisitou à companhia as informações relativas às passagens emitidas com uso da cota parlamentar dos deputados federais – com as devidas explicações.
TAM Linhas Aéreas’”