O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse há pouco que a votação da regulamentação da Emenda 29 nesta semana é "inevitável". Ele ressaltou, no entanto, que não acredita na construção de um acordo com o governo até lá. "Se for esperar o consenso vai atrasar."
Com a viagem de Lula a Zurique (Suíça) e a licença médica do vice-presidente, José Alencar, Chinaglia assumirá amanhã (30), pela primeira vez, a presidência da República. "Confesso que queria estar presidindo a sessão de amanhã. Acho que [a regulamentação da Emenda 29] pode ser votada amanhã", disse ele.
O presidente da Câmara lembrou que a proposta que tramita na Casa está dividida em três eixos. Até o momento há consenso apenas sobre o que pode ser considerado "serviço de saúde". "Ainda não há acordo sobre o montante que deve ser gasto pela União e o governo não bateu o martelo quanto a esse reajuste ser um vínculo constitucional na medida que a Frente [da Saúde] quer", afirmou Chinaglia.
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O deputado também destacou que poderão haver mudanças no texto final do relator da matéria, deputado Guilherme Menezes (PT-BA), antes da votação. "Ele é o relator do mérito e está em contato com o Senado, com a Frente da Saúde e com o Executivo. Portanto, podem haver mudanças".
Questionado se o fato de estar assumindo o Executivo poderia ajudar na aprovação da matéria, Chinaglia preferiu ser discreto: "Estou evitando misturar as estações. Como vou estar em uma situação diferente, vou analisar o que é possível fazer", disse.
3º mandato e reforma
Arlindo Chinaglia também falou sobre as especulações de que a base governista está articulando um terceiro mandato para Lula. "Do ponto de vista político a chance dessa proposta andar é zero. Essa discussão está na contramão daquilo que se discute hoje que é o fim da reeleição".
Outro tópico abordado durante a entrevista foi a questão da reforma dos apartamentos funcionais da Câmara. Chinglia garantiu que todo o projeto e o orçamento das obras foram elaborados pela parte técnica da Casa. A reforma anunciada na semana passada deve começar ainda este ano. Ela prevê a revitalização de 96 apartamentos e foi orçada em R$ 36,2 milhões.
"Isso nem passou pela presidência [da Casa]. Mas seria um erro estratégico deixar que apartamentos públicos fossem destruídos, principalmente porque eles estão localizados em uma área nobre de Brasília. Com a reforma vai haver uma valorização muito maior do que o que for gasto. Por isso neste momento estou lutando para que os apartamentos sejam reformados e para que todos os deputados morem em apartamentos funcionais", disse Chinaglia. (Soraia Costa)