Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o deputado Arlindo Chinaglia (SP), candidato do PT à presidência da Câmara, garante que não desistirá de concorrer ao cargo. O líder do governo na Câmara diz que tem apoio de aliados e da oposição para presidir a Casa.
Na entrevista, concedida aos repórteres Ugo Braga e Helayne Boaventura, o deputado confirma que, se preciso, enfrentará o candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), preferido do presidente Lula. Sobre Aldo, diz que o atual presidente da Casa tem sido incoerente.
Arlindo Chinaglia também nega que represente o grupo político do deputado cassado José Dirceu. No entanto, confirma que, se eleito, colocará em votação o projeto de anistia política, se o ex-ministro conseguir um milhão de assinaturas necessárias para protocolá-lo na Câmara.
Leia os principais trechos da entrevista
Conversas com outros partidos
“Eu tenho procurado, numa primeira fase, conversar com os partidos que são da base aliada. Ao mesmo tempo, também tenho conversado com os deputados e com líderes dos partidos de oposição. Eu não tenho por que mudar. Dos partidos de oposição, é temerário para qualquer um de nós imaginar ter a unanimidade de qualquer bancada. No caso específico do PSDB, eu falei com o Jutahy, que é o líder, ele mais uma vez me disse que o PSDB vai se orientar pela proporcionalidade. Por esse critério, eu imagino que em algum momento nós deveremos ter o maciço apoio do PSDB. Com o PMDB, nós estamos fazendo tratativas que são públicas, são por escrito, portanto eu estou tranqüilo”.
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Escolha do seu nome
“Quando a bancada do PT se reuniu para oferecer o meu nome, aquilo foi, digamos, uma conseqüência direta de uma série de reuniões anteriores com líderes e deputados da base, que cobravam do PT unidade em torno do meu nome, que cobravam do PT a iniciativa de ter um nome. Então, a bancada do PT se reuniu em resposta a uma cobrança dos outros partidos, notadamente PTB, PL e PP, além de deputados avulsos do PSB, do PSDB, do PFL. Então, quando o PT ofereceu o meu nome, aquilo não foi o começo. Foi parte de um processo anterior, no qual eles cobravam de mim: “Escuta, o PT vai fazer a mesma estupidez que fez dois anos atrás?”.
Ligação com José Dirceu
"Eu sou candidato de toda a bancada do PT. Tem gente politicamente vinculada ao Zé Dirceu? Tem. Como tem gente vinculada ao Lula, tem gente vinculada à Marta, tem gente vinculada ao Mercadante, como tem gente vinculada a ninguém".
Candidato do José Dirceu?
"Isso não tem nada de realidade. Primeiro, eu sou candidato de todo o PT e me sinto orgulhoso disso. Até onde eu sei, o Zé Dirceu trabalha para ter um projeto de iniciativa popular. São um milhão de assinaturas, não é isso, que precisa? Bom, qual é o presidente da Câmara que vai falar “eu não coloco projeto de iniciativa popular para votar”, seja do Zé Dirceu, seja do Roberto Jefferson, seja da Igreja Católica? Então, isso é uma requintada bobagem. Porque quem vai deliberar é o plenário. Inclusive o Aldo já disse também, que se vier, ele bota para votar. Claro!"
Apoio formal do PMDB.
"Esse apoio aglutina boa parte do partido, mas traz com ele o problema de rachar a bancada, num movimento de reação à liderança dos senadores Renan Calheiros e José Sarney. Se o PMDB vier me apoiar, eu diria que é algo decisivo nas eleições. O PMDB tem a maior bancada e, portanto, tem legitimidade para reivindicar qualquer cargo na mesa da Câmara. Eu acho que a bancada de deputados do PMDB está perseguindo objetivos políticos, que podem eventualmente se chocar com objetivos políticos de senadores do PMDB. Mas isso não implica necessariamente em divisão ou desarmonia. Hoje, se você fizer o mapeamento dos estados e das posições políticas, os próprios deputados do PMDB falam em 80%, 90%."
Financiamento da campanha e jatinho
“Olha, as pessoas deveriam aparecer e assumir as coisas que dizem. Em todo o caso, se você achar o jatinho passa a placa para mim, porque ele simplesmente não existe. Até agora, o único gasto é justamente a assessoria de imprensa. Está sendo paga até o momento com contribuições individuais dos deputados, feitas em cheque. O valor estabelecido é de R$ 2 mil cada. Tem uma parte cara, que é transporte, que estamos vendo como vai ser feita. Eu pretendo procurar o PT e vou ver se outros partidos também podem ajudar”.
Presidência da Câmara
“Qualquer deputado, quando ele tem a possibilidade de presidir uma comissão, de liderar uma bancada, enfim, de ocupar uma dada função, eu acho que isso é reconhecimento para o seu trabalho. Então, eu acho que qualquer um, na sua profissão, na sua função, quando ele se empenha… o reconhecimento ao trabalho é algo que gratifica. Então, quando você disputa uma eleição, quando você se elege, ainda mais com um eleitor exigente como é o deputado, você recebe um atestado de excelência sobre seu trabalho”.
Reajuste no salário dos deputados
“Eu acho que esse assunto foi tratado de forma desastrosa aqui na Câmara. No fim das contas, nem houve a correção da inflação, que eu acho justa, nem a equiparação com o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal. É óbvio que eu vou retomar o assunto”.
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