Em seu discurso antes da eleição para a presidência da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato favorito ao cargo, disse tudo aquilo que o chamado baixo clero, que compõe a maioria da base governista, queria ouvir.
Líder do governo na Câmara, ele afirmou aos deputados que, caso seja eleito, não assistirá “passivamente” a “ataques injustos à instituição ou ao parlamentar”. “Aqui é a instituição que tem a autoridade emanada pelo poder popular”, justificou, sendo bastante aplaudido.
“Quando alguém ataca o parlamentar, está atacando a democracia. Nós representamos o povo. Nós também temos o direito e o dever de fazer a democracia cada vez mais aperfeiçoada”, complementou. O discurso pode não ser o mais apropriado para agradar à opinião pública, que desenvolveu ao longo dos últimos anos forte sentimento de repulsa ao corporativismo dos congressistas, sobretudo quando ele livrar do cadafalso os que são alvo de acusações criminais.
Mas quem fez o discurso de e para a sociedade foi outro candidato, Gustavo Fruet (PSDB-PR) – leia mais. Chinaglia falou para os próprios deputados, e, entre eles, seu pronunciamento fez grande sucesso. Aldo Rebelo (PCdoB-SP), por sua vez, fez um discurso com olhos voltados tanto para o lado de dentro como de fora da Câmara, enfatizando a defesa da instituição e dos valores democráticos. Aldo fez, sobretudo, um discurso de agradecimento aos parlamentares e de críticas discretas às pretensões de poder do PT, que poderiam ameaçar o "equilíbrio" da base governista.
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Ouvir as bancadas
Afirmou que ao pedir o apoio dos colegas, registrou o compromisso de ouvir as bancadas, independentemente de sua orientação política e ideológica, “independentemente de quem é governo ou oposição”.
“Nós somos homens e mulheres que tiveram a honra de receber o voto e a confiança de milhões e milhões de brasileiros e brasileiras, tão anônimos quanto honrados. Para fazer desta casa um poder soberano e respeitado”, declarou o candidato petista.
Chinaglia acrescentou que o Legislativo é “o mais democrático dos poderes”: “Nós sabemos, em todo o mundo, que o poder Legislativo é o mais democrático. Por ser o mais democrático é o mais forte, e por ser mais forte é o que tem mais responsabilidades”.
O petista ressaltou ainda as desigualdades sociais do Brasil. “Vivemos num país desigual, injusto, de um povo forte. Eu não posso conceber um Parlamento acuado. E é com este destemor que vamos exercer os nossos mandatos”, ressaltou.
O parlamentar paulista também declarou que “a riqueza do Parlamento é a pluralidade. Se alguém quiser fazer a radiografia do país é só conversar com os deputados de cada estado. Nossos mandatos expressarão as nossas convicções”.
”Nós temos o dever de fazer deste Parlamento um poder respeitado, um poder soberano, um poder representativo, um poder que nos dê alegria de servir ao povo e ao Brasil. Nós não temos nenhum compromisso com o erro. Portanto, nós aceitaremos todas as críticas, menos as injustas”, afirmou o petista.
Independência
Chinaglia disse que, se eleito, não se subordinará à vontade do Executivo. “Quem foi que disse que o governo manda aqui? Quem foi que disse que o Executivo é superior ao Legislativo? Quem foi que disse que o Judiciário tem o poder de legislar?”, questionou.
O parlamentar petista agradeceu o apoio recebido das bancadas de diversos partidos e declarou que “a página da crise está virada, é da legislatura passada”.
“Quero dizer que foi uma satisfação. Todos aqueles que me escolheram, me honraram, e eu agradeço. Nós temos tarefas, e a presidência da Câmara não é a dona da Câmara dos Deputados”, afirmou.
“Queremos zelar pelo patrimônio público, queremos fazer justiça com o dinheiro público, agradecendo o apoio político e pessoal dos deputados”, ressaltou. Chinaglia finalizou o seu discurso afirmando que sua candidatura “é o compromisso com a verdade, com a justiça e com o Brasil”. (Rodolfo Torres e Sylvio Costa)
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