“Não haverá nenhuma consequência do ponto de vista da modificação da estrutura do Estado brasileiro. Como a eleição presidencial e para o Congresso vai demorar mais tempo, tudo isto será diluído”, disse à Revista Congresso em Foco. “É mais fumaça do que tiro. O ruim desse processo todo é que vai incutindo a ilusão que, desse jeito, as reformas necessárias ao Estado brasileiro podem ser feitas. Este barulho todo não é bom e deseduca o povo”, acrescentou.
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Propostas discutidas para reformar a estrutura política do país, como o parlamentarismo e a convocação de uma assembleia legislativa, são ineficazes, na avaliação do professor aposentado. O caminho, segundo Chico, está na maior participação do cidadão na política.
Doutor honoris causa pelas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Paraíba (UFPB), Chico de Oliveira começou sua atuação em órgãos públicos no Banco do Nordeste, no final da década de 1950. Seguiu para a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), onde permaneceu até o golpe militar de 1964. Ligado ao economista Celso Furtado, passou dois meses preso depois que os militares tomaram o poder. Deixou Recife, sua cidade natal, e se transferiu para o Rio de Janeiro para tentar escapar das perseguições do novo regime. Em 1970, foi para o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Chico de Oliveira é um homem despojado, mas sempre afiado sobre a história brasileira e um cáustico observador da atualidade. Mesmo com uma doença renal que o obriga a fazer diálise algumas vezes por semana, não perde o hábito de tomar café na padaria mais perto de sua casa, em São Paulo. Nas conversas, palestras, artigos e livros sempre dá a impressão de que não deve nada a ninguém e pode dizer o que bem entende sobre a política, os partidos e os políticos.
Revista Congresso em Foco – O país está imerso em uma crise econômica e política. Os presidentes da República e da Câmara foram afastados, cerca de 150 parlamentares são acusados de crimes no STF e há suspeitas até sobre o Judiciário. Qual a consequência desta crise toda para a sociedade?
Chico de Oliveira – É muito grave, mas não vai dar em nada. Não haverá nenhuma consequência do ponto de vista da modificação da estrutura do Estado brasileiro. Como a eleição presidencial e para o Congresso vai demorar mais tempo, tudo isto será diluído. A última crise política profunda que tivemos foi em 1964 e deu no golpe militar. A crise de hoje não tem as mesmas proporções. Até porque parte da história brasileira foi feita pelos militares, e como eles estão fora agora, significa que as forças civis devem entrar em acordo.
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