Após a suspensão da votação da reforma da Previdência, que tinha como previsão do governo ocorrer na próxima semana, as centrais sindicais resolveram suspender a greve nacional marcada para a próxima terça-feira (5). A votação ocorreria na quarta-feira (6). Entidades como a Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) criticaram a desmobilização (leia íntegra abaixo).
Em nota assinada por seis centrais – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central e a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) –, as entidades ressaltam que “a pressão do movimento sindical foi fundamental para o cancelamento da votação da Reforma da Previdência”.
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As entidades afirmam que apesar de suspenderem a greve, se manterão “mobilizadas e em estado de alerta de greve”. Além disso, ressaltam que intensificarão as ações por mudanças na Medida Provisória (MP) da Reforma Trabalhista, que está em análise no Congresso.
Apesar das entidades alegarem que a suspensão foi realizada devido ao cancelamento da votação, dados das últimas manifestações convocadas pelas centrais revelam que as entidades têm tido dificuldades de mobilizações. Na última manifestação, ocorrida em várias capitais, os atos não tiveram grande adesão por parte dos trabalhadores, se comparados aos atos ocorridos antes e durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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A expectativa do governo era a de que a reforma fosse levada à votação no plenário da Câmara na próxima semana. No entanto, com a baixa adesão do apoio de parlamentares ao texto, os governistas jogaram a proposta para a segunda semana de dezembro.
Ontem (quinta-feira, 30), presidente da Câmara reconheceu que o governo está longe dos 308 votos necessários para aprovar o texto. A análise é que caso a proposta fique para 2018, a situação fique ainda pior, já que, de olho nas eleições que serão realizadas em outubro de 2018, os parlamentares acabam não querendo se comprometer com propostas impopulares.
Ainda centrando esforços pela aprovação, o presidente Michel Temer vai reunir ministros e líderes de partidos neste domingo (3) para fazer um raio-x de quem está do lado do governo na votação da reforma da Previdência na Câmara. O encontro, marcado para a tarde – ainda sem horário definido –, será na casa de Rodrigo Maia.
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Leia a nota da Conlutas:
Hoje fomos surpreendidos com a desmarcação da Greve Nacional assinada pela cúpula de seis centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB*, UGT, NCST e CSB). Isto, sem consulta prévia à CSP-Conlutas e sem consulta à suas próprias bases nos estados e nos sindicatos. Resolveram desmarcar por telefone a Greve Nacional convocada para o dia 5 de dezembro.
Isto acontece exatamente no momento em que o governo Temer está com dificuldade em conseguir o número de votos necessários para a aprovação do fim da aposentadoria dos trabalhadores brasileiros. Acontece no momento em que na base aumenta a disposição em realizar a Greve Nacional e manifestações para derrotar definitivamente a Reforma da Previdência.
Este recuo é um grave erro e ajuda somente ao governo Temer. Não conta com o apoio da CSP-Conlutas!
Este recuo significa abrir mão de uma ferramenta fundamental, que é a Greve Nacional, uma grande oportunidade de, pela ação direta, enterrarmos de vez essa reforma que acaba com a nossa aposentadoria e vem sendo articulada a base da compra de votos por um governo e um Congresso Nacional corruptos a serviço da burguesia desse país.
A CSP-Conlutas chama a todos os sindicatos e organizações de base a se manterem mobilizados e realizarem assembléias, protestos e manifestações, a manterem a pressão sobre os deputados nas casas e aeroportos. Não vamos baixar a guarda!
O governo recuou apenas por uma semana, e se for colocar em votação a reforma, chamamos a todos os sindicatos e organizações a paralisarem o país imediatamente.
Só a luta unificada e uma Greve Geral podem derrotar o governo Temer e esse congresso de corruptos!
Se quiserem votar, o Brasil vai parar!
Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas
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