Em 1973, usar um absorvente íntimo não era tão prático. Para que fixasse corretamente, as mulheres tinham de usar presilhas e grampos. Uma marca então lançou um produto diferente cuja novidade era justamente o adesivo amplamente usado até hoje. Mas, na época, uma propaganda do novo produto sofreu restrições de horário por parte dos censores, pois foi considerada atentatória à moral e aos bons costumes.
Mas o que o anúncio tinha de excepcional? Nada. Apenas falava sobre algo que, segundo os censores, deveria ficar restrito a conversas reservadas. Estrelado pela então jovem atriz Marília Pêra, já considerada uma das melhores artistas da sua geração, o anúncio não exibia qualquer tipo de insinuação ao sexo. Ela sequer pronunciava a palavra menstruação.
No entanto, os censores implicaram especialmente com a sequência em que a atriz tira o absorvente do pacote e mostra à assistente de produção como se retira o adesivo para prendê-lo à calcinha. Até aceitavam liberar o anúncio, desde que não houvesse essa parte (o que faria o comercial perder completamente o sentido, já que era justamente o fato de ele aderir à calcinha o diferencial que o anúncio vendia).
Veja abaixo a propaganda que foi censurada pela ditadura militar:
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Com base na Lei de Acesso à Informação, a Revista Congresso em Foco chegou até os documentos da Censura Federal, em Brasília, e resolveu concentrar-se em um de seus capítulos menos conhecidos: a censura à propaganda. O Congresso em Foco publica hoje apenas uma parte desse material. A íntegra da reportagem está disponível no quarto número da revista, em circulação em todo o país.
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