A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado convidará o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para reportar as discussões e desdobramentos da mais recente reunião da Rodada de Doha, realizada em Genebra (Suíça) no fim de julho. O encontro, principal pauta da Organização Mundial do Comércio (OMC), terminou sem um acordo positivo para o Brasil, graças às divergências comerciais entre as nações desenvolvidas e os chamados países industriais emergentes – como Índia, Coréia do Sul e México.
O requerimento que solicita o debate com Amorim foi apresentado pelo senador Renato Casagrande (PSB-ES), e aprovado simbolicamente hoje (5), com o apoio do presidente do colegiado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Instituída em 2001, a Rodada de Doha foi uma idéia surgida na OMC como instrumento de redução de barreiras comerciais entre os países.
“É um assunto de grande importância e, apesar de a negociação ter fracassado, o debate irá continuar. É importante compreendermos melhor a questão e discutirmos como o Senado poderá participar desse debate”, justificou Casagrande à Agência Senado. O senador acha importante que a atuação do país durante os dez dias da Rodada e as expectativas quanto ao mercado internacional sejam relatadas à CAE.
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Durante os dias do encontro, Celso Amorim deu declarações que causaram certo incômodo na comunidade do comércio internacional. Ele chegou a comparar a postura das nações desenvolvidas (Grupo dos Sete – G7, mais a Rússia) ao nazismo, por considerar que a competição desleal, impulsionada pelos altos subsídios agrícolas, teria efeitos econômicos deletérios para as nações mais pobres.
Depois, ao término da Rodada, Amorim sugeriu a hipótese de que só uma catástrofe de proporções mundiais, como um ataque terrorista, poderia gerar uma situação de cooperação comercial entre os países, em busca de uma conjuntura econômica favorável. “Deus queira que não precisemos de um 11 de setembro”, disse, referindo-se ao ataque do grupo fundamentalista islâmico Al Qaeda às Torres Gêmeas (World Trade Center), em 2001, em Nova York, que resultou em milhares de mortes.
Ao mestre, com carinho
Na reunião de hoje também foi acatada a sugestão de homenagem ao economista Celso Furtado, morto em 2004. A proposta foi apresentada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também contou com o apoio de Mercadante.
Está programada para o tributo a exibição do filme “O longo amanhecer”, de José Mariani, que também participará de um debate na comissão, junto com figuras que têm relação com a obra de Furtado.
Como o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), autor de um livro fruto de entrevista com o economista quando este morava na França. A sugestão foi de Mão Santa (PMDB-PI). (Fábio Góis)