Edson Sardinha
O líder do PR na Câmara, Sandro Mabel (GO), e o chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, serão convidados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a dar explicações sobre o procedimento que adotaram em relação a um dossiê contra o senador Marconi Perillo (PSDB-GO). O convite foi aprovado há pouco pela CCJ, no meio de uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
Também serão convidados a falar sobre o assunto o promotor de Justiça Fernando Krebs, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., um representante do Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), também do Ministério da Justiça.
O requerimento aprovado foi construído ao longo do processo de discussão do requerimento de convocação de Gilberto Carvalho, proposto no início da reunião pelo próprio Marconi. O pedido foi incluído na pauta a pedido do tucano no meio da audiência em que Gilmar Mendes faz um balanço de suas ações à frente do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os governistas convenceram Marconi a transformar a convocação em convite, e a estender os pedidos a Mabel, Krebs, Tuma Jr e ao DRCI. O senador goiano resistiu, em princípio, a incluir o nome do promotor. Mas acabou cedendo.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), disseram que Gilberto Carvalho havia se colocado à disposição dos senadores para esclarecer a conversa que teve com Mabel sobre o dossiê contra o tucano. Os dois propuseram que o convite fosse feito na Comissão de Fiscalização e Controle.
“Não sei se é aqui o local adequado para discutir essa questão. Eu gostaria de ponderar. Entendo que é preciso esclarecer essa questão. A CCJ não é a comissão que fiscaliza o poder público”, disse Jucá.
O chefe-de-gabinete do presidente confirmou que teve acesso ao material, mostrado a ele pelo líder do PR na Câmara, mas que não deu encaminhamento à denúncia por entender que ela era inconsistente. Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo ontem (13), o Ministério da Justiça abriu uma investigação para apurar se Marconi possui contas bancárias em paraísos fiscais. Ontem, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, defendeu o processo de investigação do dossiê sobre supostas contas do senador e reiterou que Gilberto Carvalho não teve nenhuma interferência no andamento da apuração.
Ainda de acordo com O Estado de S. Paulo, em 12 de março passado, o promotor Fernando Krebs formalizou o chamado “pedido de assistência jurídica”, para que o DRCI buscasse no exterior informações sobre as contas do atual primeiro-vice-presidente do Senado.
“Mais uma vez fazem um atentado contra o Estado democrático de direito a fazerem um dossiê fajuto, certamente fabricado por canalhas, no sentido de me prejudicar”, protestou Marconi, ao apresentar o requerimento de convocação.
Na última segunda-feira, antes de saber que estava sendo investigado, Marconi Perillo ocupou a tribuna para pedir apuração do dossiê que o incrimina. Marconi contou que o material foi enviado à sua residência no último dia 6, quando ele anunciou a pré-candidatura ao governo do estado de Goiás. Sem detalhar o conteúdo do dossiê, ele atribuiu a elaboração do dossiê à oposição em sua base eleitoral. O senador estendeu o pedido de investigação ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República.