O processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), envolvendo a cervejaria Schinchariol, será analisado separadamente, com a designação de um novo relator amanhã. De acordo com o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), o objetivo é garantir “celeridade” aos processos que Renan responde no colegiado.
O presidente do Senado é investigado porque, supostamente, pagou despesas particulares com dinheiro da empreiteira Mendes Júnior. Para este caso, há três relatores: Renato Casagrande (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE). Noutro processo, recém-aberto, a acusação é de ter ajudado a cervejaria Schinchariol depois que a empresa comprou, a preços elevados, uma fábrica de refrigerantes do irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL).
Após reunião na tarde de hoje (8), Quintanilha e os três relatores informaram que Polícia Federal pediu mais documentos para terminar uma perícia em papéis apresentados por Renan em sua defesa no caso da Mendes Júnior. De acordo com Almeida Lima, foram solicitados entre 70 e 80 papéis diferentes.
Casagrande disse que há, por exemplo, o pedido de uma lista de empresas e pessoas físicas que negociaram gado com o presidente do Senado, documentos da Secretaria de Fazenda de Alagoas e dados do frigorífico Mafrial. Para comprovar que não precisa da ajuda da Mendes Júnior para quitar suas despesas, Renan apresentou provas de que vende gado a abatedouros de Alagoas.
Conselho parado
Quintanilha destacou que, como o Conselho depende de diligências de outras instituições, não há como garantir que o relatório do caso seja entregue em 31 de agosto, como estava previsto. “Até que a PF conclua a perícia, nós não podemos fazer muita coisa. O conselho de Ética não está parado por vontade própria”, afirmou Almeida Lima.
Por isso, os relatores e o presidente do colegiado julgaram temerário analisar a nova denúncia envolvendo a Schin. A senadora Marisa Serrano reforçou ser preciso dar celeridade ao caso da empreiteira Mendes Júnior. “Temos a obrigação de dar à PF a oportunidade de completar a investigação. Não quero que digam que não concluíram por falta de documentos”, afirmou a tucana.
Parceria
Casagrande lembrou que a perícia da PF não é a única base do trabalho do Conselho. Os senadores poderão levantar novos papéis e cruzar informações obtidas. O parlamentar do PSB destacou que vai pedir uma “parceria” com a Procuradoria-geral da República. Ontem (7), o Supremo Tribunal Federal atendeu a pedido da Procuradoria e quebrou os sigilos fiscal e bancário de Renan dos últimos sete anos. O Conselho de Ética não tem poderes para isso, ao contrário das Comissões Parlamentares de Inquérito. (Rodolfo Torres e Eduardo Militão)
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