A delegada Elisabete Sato arquivou ontem o inquérito sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), alegando falta de provas conclusivas. Segundo a delegada do 78º Distrito Policial de São Paulo, a Promotoria “sucumbiu” diante da ausência de provas.
No relatório final, ela diz que, apesar da "efervescência investigativa que suspeitava de crime político, tese defendida pelo Ministério Público de Santo André e pelos irmãos da vítima, certo é que estes dois últimos não apresentaram (…) qualquer indício que redundasse em prova".
Entre os dez pedidos de interrogatório ou de quebra de sigilo deixados em aberto pela delegada está um feito pelo investigador Marcos Antônio Badan, 33 dias antes do arquivamento do inquérito.
Num ofício de 24 de agosto deste ano, o policial pede urgência na quebra do sigilo de 34 telefones, segundo ele, "a melhor pista" para chegar a outros membros da quadrilha que seqüestrou Daniel em 18 de janeiro de 2002.
Sem uma quebra rápida, diz o policial no ofício, informações se perderiam para sempre, prejudicando a investigação, relata reportagem da Folha de S. Paulo.
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"As operadoras de telefonia mantêm os históricos das chamadas por cinco anos. A perda desse arquivo referente ao período de 1º de janeiro a 15 de fevereiro de 2002 comprometeria a produção de provas contra membros da quadrilha até o momento não identificados."
No ofício, o policial alega que "seria de bom alvitre" pedir que o Judiciário intercedesse junto às operadoras. Além da recomendação do investigador, a delegada ignorou também outros pedidos de investigação feitos pela Promotoria Criminal de Santo André.
"A conclusão da delegada mais parece um relatório parcial. Não atendeu 10 dos 16 pedidos de diligências feitos pelo Ministério Público", protestou o promotor Roberto Wider, que cuida do caso.
A investigação da delegada Elisabete Sato foi a segunda produzida pela Polícia Civil. A primeira, encerrada ainda em 2002, concluiu que houve crime urbano e não haveria uma intenção específica de seqüestrar o prefeito.
A pedido da família, a Promotoria reabriu o caso e concluiu que Daniel foi morto a mando do ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, que estava ao lado do prefeito na hora do seqüestro.
Ontem, João Francisco Daniel, irmão do petista, disse estranhar o fato de a delegada ter arquivado o caso um dia depois de ouvir o empresário Ronan Maria Pinto, réu em processo por suposto crime de corrupção. "Além disso, não cabe à família produzir provas. A policial é ela."
O arquivamento não interfere no processo sobre o assassinato de Daniel, que tramita em primeira instância. No relatório encaminhado à Justiça e ao Ministério Público, Sato descarta qualquer ilação entre o assassinato e a atividade política do ex-prefeito, como alega a família.
"Os testemunhos trazidos ao procedimento nesta segunda fase ratificaram as participações dos indivíduos indiciados no primeiro inquérito policial, alguns até trouxeram uma suspeita aqui ou acolá sobre eventual crime político, todavia, suspeita sem a devida prova equivale a quase nada", afirma a delegada.
[…] Conforme noticiou a imprensa na época, a delegada alegou falta de provas conclusivas. […]