Renata Camargo
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou nesta quarta-feira (10) o requerimento de convocação do promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, para explicar as denúncias contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O requerimento foi derrubado por dez votos a nove, por pressão dos governistas.
O requerimento, de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), convocava Blat para explicar a denúncia de que Vaccari teria desviado até R$ 100 milhões da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) para um suposto caixa dois do partido. O caso foi revelado pela revista Veja. A base aliada, no entanto, rejeitou a convocação, tachando-a como estratégia eleitoreira. Vaccari e o PT rechaçaram a acusação e anunciaram que vão processar os veículos responsáveis pela publicação da denúncia.
“Esse assunto não está relacionado a nenhuma matéria em tramitação, nem na CCJ nem no Senado. Se não está feita oficialmente a denúncia à Justiça, se a Justiça sequer ainda foi acionada, porque a CCJ, num assunto que não tem a ver com matéria da Casa ou dinheiro público, vai realizar uma oitiva de um promotor que sequer apresentou a denúncia? Isso, inegavelmente, tem um perfil e viés de campanha eleitoral”, disse a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).
Senadores da oposição argumentaram que a convocação serviria para esclarecer as investigações comandadas por José Carlos Blat. O autor do requerimento justificou que a comissão teria a prerrogativa regimental para convocá-lo e acusou a base governista de tentativa de “desqualificar quem denuncia para proteger denunciados”.
“Creio ser da nossa responsabilidade ouvir o promotor Jose Carlos Blat. Não queremos fazer nenhum pré-julgamento, queremos dar a oportunidade do promotor relatar os procedimentos”, disse Álvaro Dias. “Há uma tentativa de desqualificar quem denuncia para proteger denunciados. Nós não podemos ficar calados omissos, coniventes, cúmplices de um escândalo desta natureza. Certamente as pessoas que foram lesadas estão aguardando um posicionamento do Senado Federal”, protestou.
Há duas semanas, manobra de senadores governistas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) derrubou a convocação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que viria à comissão esclarecer pontos polêmicos do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Os integrantes da CCJ aprovaram um requerimento do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que solicitou que o nome de Dilma fosse substituído pelo do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi.
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