Além de apontar um desvio de R$ 500 milhões em fraudes e desvios no setor aéreo, o relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), aponta o ex-presidente da Infraero Carlos Wilson, deputado federal pelo PT de Pernambuco, como o principal responsável pelas irregularidades.
"A quadrilha era liderada por Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos e tinha como lugar-tenente Aristeu Chaves Filho que, embora não fosse servidor público e sim empresário do ramo de fruticultura, exercia grande influência sobre Fernando Brendaglia e Eurico Loyo, este, homem de confiança de Carlos Wilson e seu assessor direto", diz o relator.
"Irei analisar detalhadamente o documento baseado em meras ilações", reagiu o parlamentar em nota divulgada à imprensa agora há pouco (leia a íntegra abaixo).
Mesmo focando na administração do deputado pestista, Demóstenes afirma que o "problema é suprapartidário e permeia mais de um governo". "Mudam-se administrações, ministros, presidentes da empresa, alternam-se diretores, mas o que não sofre transformação é a sistemática de os gastos da Infraero serem pautados pelos interesses de seus contratados", completa.
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Além de considerar como endêmica a corrupção na empresa pública que administra os aeroportos, o senador do DEM também admite que a CPI não teve tempo nem "meios suficientes para apurar exaustivamente todas as irregularidades apontadas nas investigações". O relatório tem como principal base as auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU).
"É necessário o aprofundamento das investigações", pede o relatório, que também destaca a necessidade de se rastrear os pagamentos depositados nas contas das empreiteiras e empresas contratadas pela Infraero.
O relator aponta irregularidades nos seguintes aeroportos: Santos Dumont(RJ), Juscelino Kubitscheck (Brasília), Congonhas (SP), Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas-SP), Eurico Aguiar Salles (Vitória-ES), Deputado Luís Eduardo Magalhães (Salvador-BA), Hercílio Luz (Florianópolis-SC), Goiânia (GO) e Macapá (AP). (Lúcio Lambranho)
Leia a íntegra da nota do deputado Carlos Wilson (PT-PE):
"NOTA À IMPRENSA
É com surpresa e indignação que recebo o irresponsável relatório produzido pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Irei analisar detalhadamente o documento baseado em meras ilações. Não tenho nenhuma dúvida que o tempo e as provas irão revelar quem é o verdadeiro ‘chefe de quadrilha’ e o que está por trás da CPI do Apagão Aéreo, comandada por Demóstenes Torres, um velho conhecido pela prática do espalhafato.
CARLOS WILSON
Deputado Federal (PT-PE)"
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