Soraia Costa
Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (veja íntegra) divulgado hoje (19) mostra que a carga tributária brasileira sobre salários é a segunda maior do mundo, ficando atrás apenas da Dinamarca. A tributação tem aumentado a cada ano e, em 2005, correspondeu a 42,5% do salário líquido para quem recebe até R$ 300 e a 81,92% para os que ganham de R$ 10 mil a R$ 15 mil
A inadimplência também está maior. Cresceu 59% em três anos. "O sistema tributário brasileiro tornou-se um veneno para o setor produtivo nacional. Para cada R$ 100 de riqueza líquida produzida é necessário pagar R$ 60 de tributos", diz Gilberto Luiz do Amaral, cientista tributário e presidente do IBPT .
O impacto da carga tributária sobre a economia formal brasileira, de acordo com o estudo, é de 54,82% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2002, a incidência de impostos sobre os salários de até R$ 300 era de 41,7%, subiu para 42,15% em 2003 e passou a ser de 42,5% no ano passado.
Leia também
Uma das explicações para o aumento foi a mudança do teto máximo de contribuição à Previdência Social, que passou de R$ 1.561,56 para R$ 1.869,34 (a partir de junho de 2003) e para R$ 2.668, 15 ( a partir de maio de 2005).
Os mais atingidos com os aumentos dos custos tributários foram os empregados que recebem salários superiores a R$ 3 mil, cujo impacto da tributação sobre o salário líquido corresponde a mais de 70%.
Panorama mundial
Ao se considerar a tributação sobre os menores salários, aqueles que não ultrapassam R$ 300, o Brasil está praticamente empatado com os países desenvolvidos, com a segunda maior carga tributária sobre salários, 42,5%.
Somente a Dinamarca ultrapassa esse marca com 42,9%. Depois vêm Bélgica (41,4%) e Alemanha (41,2%). O Uruguai é o segundo país com a maior carga tributária na América do Sul, mas na classificação mundial, fica na 12ª posição. O impacto dos impostos sobre os salários uruguaios é de 28,4%.
Veja a seguir a lista completa com a comparação da carga tributária sobre salários, em 2005, nos países:
1º – DINAMARCA: 42,9%
2º – BRASIL: 42,5%
3º – BÉLGICA: 41,4%
4º – ALEMANHA: 41,2%
5º – POLÔNIA: 32,3%
6º – FINLÂNDIA: 31,7%
7º – SUÉCIA: 31,2%
8º – TURQUIA: 30,0%
9º – NORUEGA: 28,8%
10º – HOLANDA: 28,7%
11º – ÁUSTRIA: 28,6%
12º – URUGUAI: 28,4%
13º – ITÁLIA: 28,1%
14º – FRANÇA: 26,5%
15º – ARGENTINA: 27,7%
16º – CANADÁ: 25,7%
17º – ESTADOS UNIDOS: 24,3%
18º – REPÚBLICA CHECA: 24,1%
19º – SUÍÇA: 21,5%
20º – ESPANHA: 19,2%
21º – PANAMÁ: 18,4%
22º – PORTUGAL: 16,5%
23º- IRLANDA: 16,4%
24º – JAPÃO: 16,2%
25º – MÉXICO: 9,1%
26º – CORÉIA DO SUL: 8,7%