O chefe do Ministério Público disse que o caso de corrupção na Petrobras deixou o Brasil “convulsionado”. “Diante de um cenário tão desastroso na gestão da companhia, o que a sociedade brasileira espera é a mais completa e profunda apuração dos ilícitos perpetrados, com a punição de todos os envolvidos. Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria”, vociferou Janot, de maneira veemente.
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Cardozo concordou, em discurso na mesma solenidade, que há “fortes indícios” de corrupção na Petrobras. Mas disse que, até o momento, nada há contra a cúpula da estatal. “Não há razão objetiva para que atuais diretores da Petrobras sejam afastados. Não há qualquer suspeita sobre essas pessoas. É injusto se falar que existe algum fato imputado contra eles. Afirmamos e reafirmamos que não existem quaisquer indícios ou suspeitas que recaiam sobre a pessoa da atual presidente e os atuais diretores”, ponderou o ministro, dizendo manifestar “posição de governo”.
O ministro informou que, em razão do teor do discurso de Janot, dirigiu-se a ele e o questionou sobre a existência de provas do envolvimento dos membros da diretoria com o esquema de desvios na estatal. Segundo Cardozo, o procurador negou que haja algo contra os membros da cúpula nos inquéritos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
“A Petrobras é das mais interessadas para que tudo seja colocado em pratos limpos. A própria PGR [Procuradoria Geral da República] claramente disse que não há culpa prévia sobre atual direção da Petrobras”, acrescentou Cardozo.
No mesmo dia, o ministro da Justiça deu outra declaração que vai ao encontro das afirmações de Janot. Ele reconheceu existirem “fortes indícios” de corrupção na Petrobras. “Na Petrobras, há fortes indícios de corrupção. Evidentemente, acaba atingindo a empresa, e a nossa tarefa hoje é exatamente essa, ou seja, apurar, punir, afastar da empresa para que nós possamos fazer com que essa empresa siga o seu rumo”, afirmou.
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O evento, promovido pela Procuradoria Geral da República, faz parte das celebrações do Dia Internacional contra a Corrupção. No papel de anfitrião da solenidade, Janot lamentou o fato de que o Brasil está classificado na 69ª posição do ranking de combate à corrupção no mundo. “Corruptos e corruptores devem conhecer o cárcere e devolver os ganhos espúrios que engordaram suas contas, à custa da esqualidez do Tesouro Nacional e do bem-estar do povo”, discursou o procurador.
O procurador estaria passando por pressão, por parte de representantes de empreiteiras investigadas na Lava Jato, para firmar acordos que levem ao abrandamento de eventuais penas judiciais contra tais empresas – que, segundo as investigações, formaram cartel e pagaram propina a políticos e servidores da Petrobras para ganhar contratos com a estatal. Segundo reportagem da revista IstoÉ deste fim de semana, Janot participou de reuniões com as defesas dessas corporações com o objetivo de costurar uma forma de blindar, por meio de acertos com o Ministério Público Federal (MPF), a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, integrantes do Conselho de Administração da Petrobras na condição de chefes do Executivo federal.
Em nota oficial divulgado no sábado (6), que se repetiu em comunicado interno do MPF, Janot negou as articulações descritas pela revista. Ele garantiu que não deixará que “prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros da instituição”. “Jamais aceitarei qualquer acordo que implique exclusão de condutas criminosas ou impunidade de qualquer delinquente”, disse o procurador, que voltou a garantir, no discurso desta terça-feira (9), que não “tergiversa” na aplicação de suas prerrogativas e na defesa do interesse público.