A recuperação da popularidade do presidente Lula, confirmada pela pesquisa Datafolha divulgada ontem, aumentou a pressão no PSDB para a escolha do candidato do partido à sucessão presidencial. “Temos de resolver isso logo depois do carnaval. Estamos na época adequada para lançarmos nosso candidato. Por enquanto, só há um candidato em campanha, gastando todo o dinheiro que uma máquina pode gastar sem qualquer pudor”, disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
Segundo o levantamento, Lula ultrapassou José Serra e hoje teria 39% dos votos se o candidato tucano fosse o prefeito de São Paulo (31%). Num eventual segundo turno entre os dois, o petista venceria por 48% a 43%. A vitória de Lula seria mais tranqüila se o seu adversário fosse Geraldo Alckmin: 43% a 17%. No segundo turno com o governador paulista, Lula venceria por 53% a 35%.
Os números foram comemorados pela base governista no Congresso. “Essa pesquisa mostra que Lula recuperou a imagem, que há uma necessidade de mais velocidade para o governo colar na imagem dele e que os ministros precisam fazer as pastas andarem mais rápido. Mostra também que as dificuldades do PSDB para escolher o candidato estão tendo reflexo negativo”, disse o líder interino do PT na Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).
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O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), minimizou a influência da disputa interna entre os tucanos. “A pesquisa mostra o resultado do uso desavergonhado da máquina pública. O presidente Lula está pondo o Estado a serviço da sua candidatura. Mas é uma candidatura sem pique para o segundo turno. Não se pode dar mais quatro anos para o presidente do mensalão.
De passagem por Brasília, Serra disse que o resultado da pesquisa não vai influenciar sua decisão de ser ou não candidato. “Isso não significa que com isso eu vá ser candidato, nem significa que se possa considerar pesquisas como algum resultado definitivo. Pesquisa é sempre uma fotografia do momento. E entre uma pesquisa e outras decisões sempre há uma grande distância”, afirmou o prefeito.
Para o governador de São Paulo, o crescimento de Lula nas pesquisas é resultado da superexposição do presidente neste início de campanha. “Há um monólogo hoje, mas isso mudará com a campanha de rádio e TV”, disse Alckmin.
Homem público faz campanha o ano todo, diz Lula
O presidente Lula não comentou o resultado da pesquisa, mas provocou seus adversários. No Piauí, onde inaugurou uma série de obras, reagiu às críticas feitas pela oposição por suas constantes viagens.
“O homem público não precisa de época de eleição para fazer campanha. Ele faz campanha da hora em que acorda à hora em que dorme, 365 dias por ano. Se ele não fizer, os adversários farão, porque os adversários só se incomodam quando você está fazendo as coisas certas. Quando você está fazendo as coisas erradas, eles não se incomodam, eles colocam na propaganda de televisão deles, eles falam mal do governante, seja do prefeito, do governador ou do presidente, porque é mais fácil destruir do que construir”, afirmou.
PMDB deve reavaliar candidatura, diz Hélio Costa
Ao comentar a pesquisa do Datafolha, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), disse que os peemedebistas devem reavaliar a intenção de ter candidato próprio à presidência. Dois pré-candidatos tentam se lançar pelo partido: Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul, e Anthony Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro.
"Eu acho que (a pesquisa) sensibiliza a ala oposicionista do PMDB a rediscutir essa questão da candidatura própria. Sou a favor, desde que ela tenha condição", disse Costa.
Para ele, a candidatura do PMDB e de qualquer outro partido perde viabilidade com o avanço de Lula nas pesquisas de intenção de voto. "Pela pesquisa Datafolha, dificilmente qualquer outro candidato vai ter condições de vencer o presidente. Eu acho que ele ganha no primeiro turno."
Costa disse que o resultado da pesquisa confirma a tendência, apontada pela pesquisa CNT/Sensus, de crescimento da candidatura do presidente Lula.
“Para o PMDB, especialmente o PMDB que está no governo, que participa e ajuda o presidente Lula, entendemos que esse é um momento importante de reflexão. Porque se nós ajudamos o governo a sair de uma crise tão difícil, evidentemente nós podemos ajudar muito agora para fazer um governo muito mais tranqüilo, muito mais objetivo, e que vai ter certamente, nos próximos quatro anos, ter uma grande oportunidade", afirmou Costa.
PSB decide apoio a Lula após o carnaval
Um dos partidos cotados para compor a chapa em outubro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PSB decidiu adiar para depois do carnaval a decisão sobre sucessão presidencial. A decisão foi anunciada ontem pelo líder do partido na Câmara, Renato Casagrande (ES).
Segundo Casagrande, a Executiva do PSB já decidiu que o partido não lançará o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, à presidência da República. “Não tem qualquer chance. O Ciro tem um compromisso com o presidente Lula”, afirmou Casagrande. A Executiva anuncia sua decisão no dia 7 de março.
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