Ao lançar sua candidatura à presidência da Câmara nesta terça-feira (17), o deputado André Figueiredo (PDT-CE) defendeu a unificação das bancadas de oposição ao governo Michel Temer na disputa pelo comando da Casa. Figueiredo tem conversado com deputados do PT, do PCdoB, do Psol e da Rede Sustentabilidade e tenta convencer dissidentes do PSB a aderirem à sua candidatura. “A Câmara não pode fazer uma oposição sistemática ao governo, como acontecia no mandato da presidente Dilma Rousseff, nem virar carimbadora dos interesses do Planalto, como ocorre agora”, disse o parlamentar.
Leia também
O lançamento da candidatura ocorreu durante a reunião da comissão executiva nacional do PDT, com a presença do presidente da legenda, Carlos Lupi. O novo líder do PT, Carlos Zaratini (SP), também compareceu ao evento, mesmo sem formalizar o apoio a André Figueiredo. “Vemos com bons olhos a candidatura do André porque fortalece as oposições e a própria Câmara”, disse Zaratini. A bancada petista está reunida nesta tarde em Brasília para tratar da sucessão na Câmara, mas não deve formalizar o apoio a Figueiredo, por entender que ele tem poucas chances de vitória.
O melhor cenário para a campanha de Figueiredo é a formação de um bloco parlamentar com os aliados PT, PCdoB, Psol e Rede. Com essa formação, o grupo chegaria a 94 deputados e teria direito a ocupar duas vagas na Mesa Diretora, seguindo o critério da proporcionalidade na distribuição dos cargos na direção da Casa.
O pior cenário é se o bloco das oposições for formado apenas pelo PDT, pelo PT, pelo PCdoB e pela Rede, sem o Psol. Nesse caso, não terá direito a ocupar cargos na Mesa Diretora. André Figueiredo também está tentando conseguir apoios isolados de deputados de outras legendas, mesmo as governistas. Ele aposta principalmente nas dissidências do PSB. Os deputados da legenda estão divididos entre a própria candidatura de Delgado, ainda não confirmada, e o apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
PublicidadeO candidato do PDT foi ministro das Comunicações de Dilma, entre 2015 e 2016, e é aliado do PT desde 1989. Aproximou-se ainda mais dos petistas quando foi relator da emenda constitucional que destinou 780% da arrecadação da União com a exploração do petróleo do pré-sal para a educação e 30% para a saúde. Figueiredo entrou no Supremo Tribunal Federal com uma ação questionando a constitucionalidade da recandidatura de Rodrigo Maia. Além de Figueiredo e Maia, também concorrem à presidência da Câmara os líderes do PTB, Jovair Arantes (GO), do PSD, Rogério Rosso (DF).