Uma campanha do governo federal contra o mosquito Aedes aegypti tem causado polêmica pela forma escolhida para tratar um assunto que tem aterrorizado o mundo. Quem acessa sites oficiais do Executivo é surpreendido pelo voo de diversos mosquitos em sua tela. Ao clicar na imagem, o internauta vê os insetos se transformarem em uma espécie de raquete, daquelas utilizadas para matá-los. Surge, então, um aviso: “Não adianta matar apenas um mosquito. Não podemos deixar ele nascer. E isso depende de todos nós”. O banner direciona o internauta para uma página específica do Ministério da Saúde que reúne informações sobre dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mosquito.
Desde que a campanha entrou no ar, no último dia 27, internautas reagiram. Alguns imaginaram que se tratava de uma invasão dos sites oficiais por hackers, enquanto outros discordaram da proposta da campanha, por tratar de maneira jocosa um assunto de alta relevância.
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“Governo perdendo a luta para o mosquito. Invadiram o site do Planalto”, disse uma usuária no Twitter. “Muito desagradável entrar no site da Receita Federal com esses mosquitos voando”, relatou outro usuário. “Alguém me explica o conceito dos mosquitos voando no site do Portal Brasil?”, questionou um internauta.
Para o cientista político Paulo Kramer, o governo deu um tiro no pé ao recorrer ao humor para tratar de um assunto que tem causado morte e provocado microcefalia em bebês. “Muito justificadamente, o Brasil virou motivo de chacota por conta da expansão da epidemia, que daqui a pouco pode virar pandemia. Agora, o governo é tão incompetente na sua comunicação que faz chacota de si mesmo, enchendo de mosquitos o seu site oficial. Jaguar, no Pasquim de antigamente, botava uma mosquinha em volta de alguém que ele não gostava. Em volta de personagens não gratos ao jornal. Nunca vi isso. O governo pagar para se ridicularizar”, disse o professor da Universidade de Brasília (UnB) ao Congresso em Foco.
Responsável pela iniciativa, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) afirmou que tem recebido avaliações positivas em relação à campanha por parte do público. A estratégia era chamar atenção dos internautas para o combate ao Aedes aegypti de uma maneira curiosa. Em princípio, os mosquitos estavam apenas no Portal Brasil, porém, foram disseminados gradualmente para outras páginas oficiais do governo federal. Apesar da polêmica, a pasta informou que não há previsão para encerrar a campanha.
Mutirão
O governo federal anunciou que 220 mil militares das três Forças Armadas vão ajudar no combate ao mosquito em 356 municípios – dos quais 115 concentram grande quantidade dos casos de microcefalia. A ação será realizada no próximo dia 13, quando militares irão distribuir panfletos com um número de telefone local que irá receber denúncias de locais onde haja proliferação do mosquito. A expectativa do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Almirante Ademir Sobrinho, é de que pelo menos 3 milhões de residências sejam visitadas.
De acordo com o boletim do Ministério da Saúde divulgado na última quarta-feira (27), 270 crianças nasceram com microcefalia por infecção congênita, mas não necessariamente pelo vírus Zika. A pasta ainda investiga 3.448 casos suspeitos de microcefalia. Os números são referentes a registros feitos de outubro de 2015 a 20 de janeiro deste ano.