Diego Moraes
A corrida por uma vaga ao Senado pode ser intensa, mas alguns parlamentares com anos de Casa preferem seguir na contramão. Gerson Camata (PMDB-ES) está há 42 anos na política. Foi vereador, deputado estadual, chegou à Câmara, governador e já venceu três vezes a corrida pelo Senado – a última em 2002, com 785 mil votos. Na metade do mandato, porém, trocou a confortável poltrona azul do plenário pela Secretaria de Infra-Estrutura e Transportes do Espírito Santo.
“Eu tenho vocação executiva”, justifica o senador. Camata disse que não teve dúvidas quando recebeu do governador Paulo Hartung (que já passou por vários partidos e hoje está de volta ao PMDB) o convite para chefiar a secretaria. Arrumou as malas e voltou para a capital capixaba.
Apesar das especulações de que teria voltado ao Espírito Santo para ajudar na campanha de sua mulher, Rita Camata, candidata a uma vaga na Câmara, o senador afirma que não está pensando em eleições. “Minha mulher nunca precisou de mim para vencer uma disputa”, afirma. Quanto ao mandato do Senado, para o qual foi eleito até 2011, disse que só pretende voltar se não for mantido na secretaria. “Por mim, não saio daqui nunca mais”, ressalta.
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O senador-secretário argumenta que no governo do estado consegue atuar mais próximo do eleitorado e produzir resultados melhores do obtém no Congresso. Segundo ele, a distância é um fator que atrapalha o contato entre o político e a base.
Facilidade para liberar recursos
PublicidadeCamata reforça que, como secretário, pode resolver problemas pontuais do estado, algo impossível para o parlamentar. “Nesta semana eu consegui asfalto para duas ruas num bairro pobre aqui da cidade, coisa que em Brasília em nem saberia que havia necessidade”, prossegue ele.
Outra vantagem da secretaria, acrescenta, é a facilidade na liberação de recursos. O secretário reclama que, como o orçamento da União não é impositivo, as emendas parlamentares em favor do estado ficam sempre à mercê de questões políticas. “Um deputado foi a Brasília tentar liberar uma emenda de R$ 80 mil com um ministro e não conseguiu. Aqui eu liberei R$ 1,2 milhão para ele”, contou.
O pefelista Paulo Octávio é outro senador que pretende abrir mão do mandato para chegar ao Executivo. Ele é candidato a vice-governador do Distrito Federal na chapa do deputado federal José Roberto Arruda (PFL), o mesmo que renunciou ao cargo de senador quatro anos atrás, após admitir que participou da violação do painel de uma votação secreta do Senado.
É fato que o senador deixa o Congresso para assumir um cargo menos expressivo. Porém, a estratégia de Paulo Octávio tem endereço certo. Ele resolveu aceitar a empreitada porque só assim seria cabeça-de-chapa do PFL nas eleições de 2010.
Caso a chapa saia vitoriosa nas eleições, Paulo Octávio terá de renunciar ao mandato. Com isso, assume o primeiro-suplente, Adelmir Santana. Hoje presidente da Fecomércio-DF, ele vai herdar o mandato até 2011.