Levantamento feito pelo International Institute of Democracy (Idea) mostra que apenas quatro países, de uma lista com 200 nações, adotam o novo modelo para a eleição de deputados e vereadores defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O chamado distritão, que consiste na eleição dos deputados mais votados em cada estado, é aplicado apenas no Afeganistão, na Jordânia e em duas ilhas do Pacífico: Vanuatu e Pitcairn, esta com apenas 50 habitantes. Cunha articulava nos bastidores a aprovação do “distritão”, primeiro por meio da Comissão Especial da reforma política. E depois ele tentou aprovar a proposta em Plenário.
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Além de parlamentares, várias entidades criticaram durante esta terça-feira o chamado “distritão”. O presidente da OAB, Marcos Vinícius Coelho, por exemplo, classificou a proposta como um retrocesso em entrevista ao Congresso em Foco. Já o idealizador da Lei da Ficha Limpa e coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o juiz Márlon Reis classificou a proposta como a promoção de uma “oligarquização sem precedentes na política”. “Ninguém havia ousado propor algo tão nocivo para a democracia brasileira”, acrescenta.
O líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), defendeu a aprovação do sistema de distritão proposto pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) em relatório apresentado na manhã desta terça-feira. Esse modelo acaba com o sistema proporcional – em que as cadeiras são distribuídas de acordo com a votação dos partidos – e define que serão eleitos os deputados e vereadores mais votados, no voto majoritário, como ocorre na eleição de senadores.
Para Picciani, o eleitor não compreende o sistema proporcional e, por isso, ele gera tantas distorções. “Nosso próximo voto vai decidir se teremos a coragem de mudar, de buscar um novo caminho, ou vamos deixar tudo como está”, disse.
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), avaliou que o sistema atual chegou à falência com a pulverização dos parlamentares. Para ele, o distritão pode ser a solução. “Este Parlamento, do ponto de vista partidário, está uma verdadeira zorra, são 28 partidos com assento, recorde mundial”, disse. Hoje, segundo ele, os aspirantes a candidato já buscam partidos não pela ideologia, mas pela facilidade de se eleger. “Esse é o mundo real, não adianta aula de cientista político”, ressaltou.
Já o líder do PR, deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), chamou o “distritão” de “canto da sereia”. “Em princípio, parece um sistema que prega a simplicidade, mas é o sistema que personifica a eleição e fragiliza os partidos e ideias. Cada deputado seria um partido político”, disse ele, afirmando que o modelo de eleger os mais votados inviabiliza as minorias.
Para o deputado Vinicius Carvalho (PRB-SP), o novo modelo não atende aos que foram às ruas desde 2013 pedindo mudanças nos rumos do governo. “No Japão, chegou-se à conclusão de que o distritão favorecia a disputa individualizada, a disputa entre os parlamentares e estimulava também os casos de corrupção e caixa dois. É isso que nós queremos dar como resposta ao clamor das ruas?”, questionou.
Com informações da Agência Câmara