No dia em que o Senado cassou o mandato de Demóstenes Torres (sem partido-GO), a comissão de sindicância formada na Câmara arquivou por unanimidade dois processos de deputados com suspeitas de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Dos três analisados pela Corregedoria da Casa, somente um terá continuidade: a investigação contra Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).
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Na tarde de hoje, os relatores dos casos envolvendo Leréia, Otoni e Sandes Junior apresentaram seus pareceres. Maurício Quintella Lessa (PR-AL), responsável pelo caso do pepista, e Evandro Milhomem (PCdoB-AC), relator da representação contra Otoni, entenderam que não havia indícios suficientes para recomendar um processo por quebra de decoro no Conselho de Ética.
De acordo com o corregedor da Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE), Otoni não foi citado em nenhum momento nos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo. As duas investigaram a exploração de jogos ilegais em Goiás e o envolvimento de políticos e policiais. O petista foi flagrado em vídeo numa conversa com Carlinhos Cachoeira. O bicheiro lembra de uma doação de campanha feita a ele, e oferece mais R$ 100 mil, desde que isso não seja declarado. Os deputados consideraram também que o vídeo era de péssima qualidade e não deixava claro o que tinha ocorrido.
Já com o pepista, informou o corregedor, pesou ao seu favor o depoimento dos delegados federais das duas operações. Sandes Junior teve o nome citado nas investigações, em conversas que falavam de valores em dinheiro. Segundo o deputado, era um pagamento referente à rescisão de um contrato que tinha com a uma rádio de Goiânia, Rádio Positiva.
Além de Otoni e Sandes Junior, também se safou de um processo por quebra de decoro o deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP). O Conselho de Ética arquivou uma representação apresentada pelo PSDB contra o deputado paulista. Ele era acusado de cumplicidade com o ex-sargento da Aornáutica Idalberto Matias, o Dadá, acusado de fazer parte da organização liderada por Cachoeira.
Mesmo com os arquivamentos, o corregedor da Câmara não acredita que a imagem da Casa fique prejudicada. Para ele, os arquivamentos foram resultado dos fatos apresentados durante a análise dos casos pela comissão de sindicância. “Com os fatos que nós temos, não era possível outro caminho a não ser o arquivamento”, afirmou Eduardo da Fonte.
Leréia
Contra Leréia, porém, a situação foi outra. Amigo declarado de Cachoeira, possui um avião em sociedade com o irmão do bicheiro. Grampos das Operações Vegas e Monte Carlo mostram Leréia cobrando do ex-vereador em Goiânia Wladimir Garcez, ligado a Cachoeira e ao governador de Goiás, Marconi Perillo, o depósito de dinheiro em uma conta corrente. “Também pesou contra ele o discurso feito em plenário elogiando Cachoeira”, contou o relator.
Apesar de a Corregedoria ter aprovado a investigação contra Leréia, o processo não é automático. Primeiro, precisa ser autorizado pela Mesa Diretora, que vai analisar o relatório da comissão e a representação apresentada. O colegiado não tem reunião marcada para esta semana. No entender do corregedor, isso deve acontecer somente na primeira quinzena de agosto. Agora, confirmado o cenário de a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ficar para a próxima semana, a reunião pode acontecer até terça-feira (17). Se o relatório for aprovado também pela Mesa Diretora, segue para o Conselho de Ética.
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