A crise no Ministério dos Transportes fecha a semana com um número redondo: 20. O governo afastou hoje (29) o vigésimo funcionário da pasta. Desta vez, a cabeça cortada pertence a Marcelino Augusto Santa Rosa, que era coordenador-geral de Operações Rodoviárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A demissão ocorreu em consequência de denúncias publicadas pelo jornal O Globo.
Segundo O Globo, a mulher de Marcelino, Sônia Lado Duarte atuava como procuradora de oito empresas que têm contratos e outras ligações com o Dnit, especialmente na área de sinalização rodoviária. Como coordenador-geral de Operações Rodoviárias, era Marcelino quem dava a palavra sobre a contratação das empresas na área. Sua ligação com Sônia e a contratação das empresas que ela representava poderia caracterizar um caso de favorecimento.
Leia também
A crise nos Transportes começou depois que a revista Veja publicou há duas semanas que a presidenta Dilma Rousseff fizera uma reunião com a cúpula dos Transportes irritada com a constatação de que as obras no setor tinham muitos aditivos inexplicáveis e superfaturamento. À informação, a revista acrescentava que os acréscimos nas obras destinavam-se a alimentar um esquema de desvio de verbas para o PR, partido que, na divisão de poder dentro do governo, tem o controle dos Transportes desde o início do primeiro mandato do ex-presidente Lula. Logo depois da publicação de Veja, Dilma afastou diretores e assessores dos Transportes, do Dnit e da Valec, empresa do setor ferroviário. Na sequência, caiu o próprio ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot. Também foi demitido um assessor nomeado pelo PT: Hideraldo Caron, que ocupava a diretoria de Infraestrutura Rodoviária do Dnit. No lugar de Nascimento, foi efetivado Paulo Sérgio Passos.
Segundo Paulo Sérgio Passos, Dima deverá começar a preencher os cargos vagos nos Transportes a partir de segunda-feira (1). É uma exigência de Dilma, segundo Passos, que todos os indicados tenham a ficha completamente limpa: não respondam a processos e não estejam envolvidos em qualquer denúncia de corrupção.