Em visita o Projeto Agrário Socialista Planície de Maracaibo, no norte da Venezuela, o presidente Lula disse em entrevista que os planos do presidente Hugo Chávez de se manter no poder é legítimo, desde que o povo assim os considere. Lula ressaltou que a idéia de Chávez em implantar um sistema de reeleição ilimitada não será aplicada no Brasil, mas que o colega “é jovem e agüenta um novo mandato”.
Segundo Lula, a legitimidade do pleito de Chávez está atrelada “à cultura e à vontade de cada povo”, e que, em seu caso, o que cabe é apenas o trabalho para eleger seu sucessor – ou seja, a “mãe do PAC” e ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT e aposta de Lula para as eleições presidenciais de 2010. Inclusive com apoio de importantes setores do partido (leia).
Lula fez menção desonrosa ao ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso ao falar da situação econômica do país entre 1998 e 2002, durante o segundo mandato. Segundo Lula, se os indicativos do setor estivessem favoráveis e a popularidade de FHC estivesse alta, algum parlamentar governista teria apresentado uma proposta de terceiro mandato.
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Vale destacar que o projeto que passou a validar a reeleição consecutiva e única, no final do primeiro mandato do tucano, foi apresentado por PSDSB e DEM – articulado pelo deputado Carlos William (PSC-MG), a figura veladamente suscitada no discurso de Lula.
Para Lula, o povo é que vai decidir se aceita conceder mais mandatos para Hugo Chávez, segundo os preceitos democráticos de cada país. O referendo que definirá a questão da terceira reeleição consecutiva do venezuelano está marcado para 15 de fevereiro.
"O dia em que o povo não quiser mais, não vai mais votar em você, vai votar em outro candidato", disse Lula, voltando-se para Chávez e cometendo uma gafe ao se referir ao “povo boliviano” – tropeço prontamente corrigido.
O presidente aproveitou para lembrar os grandes chefes de Estado de direita que permaneceram por longos períodos no poder, sem contestação – exemplo da “dama-de-ferro” britânica Margareth Thatcher, primeira primeira-ministra da história que tomou por 15 anos as rédeas do Reino Unido. (Fábio Góis)
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