Roseann Kennedy*
Além de ter sido descartado da presidência do Banco Central, no Governo Dilma, será difícil Henrique Meirelles conquistar alguma outra vaga na Esplanada dos Ministérios.
Interlocutores políticos dizem que o nome dele até chegou a ser ventilado para comandar pasta na área de infra-estrutura do Governo, mas isso não entraria na cota pessoal da presidente eleita.
Traduzindo, isso significa o PMDB querer muito manter Meirelles com cargo no Governo, porque o partido precisaria negociar uma de suas vagas para ele. Neste momento, não dá para acreditar que a legenda compre essa ideia.
Meirelles, por sua vez, adota o tom de despedida, o que certamente vai evitar-lhe mais algum tipo de constrangimento se não obtiver nenhum espaço na gestão Dilma Rousseff.
Vale observar que não é de hoje que o presidente do BC demonstra interesse de voltar a enfrentar as urnas. Se junto a isso ele mantiver o interesse de ficar no PMDB, certamente adotará uma postura cautelosa no momento para estruturar sua volta à política.
Nesta quarta-feira, por exemplo, Meirelles disse que o objetivo inicial de concluir o trabalho junto com o presidente Lula foi cumprido e que agora deixa a presidência feliz e satisfeito com os resultados alcançados. Portanto, disse ele, este é o momento adequado para encerrar a missão.
Meirelles disse, ainda, que, do ponto de vista pessoal e profissional, está feliz e satisfeito.
Outro que já perdeu a pasta no próximo Governo foi o ministro do Planejamento. Ele mesmo confirmou, nesta quarta (24) o nome de Miriam Belchior para assumir seu cargo a partir de janeiro.
Mas, diferentemente de Meirelles, o nome de Bernardo é certo na equipe dilmista. O cargo, ainda não, porque sua indicação tem uma função curinga para o próximo Governo.
Paulo Bernardo ficou reunido por quase duas horas com Dilma na residência oficial da Granja do Torto, em Brasília, e na saída confirmou o convite: “Ela me fez um convite para participar do governo, mas um convite genérico porque ela tem mais de uma opção e não queria decidir isso agora”.
Ele e o deputado federal Antonio Palocci são cotados principalmente para ocupar uma cadeira no Palácio do Planalto.
O anúncio dos ministros “da cozinha” será feito depois da equipe econômica. Por fim, ela vai compor os demais cargos na Esplanada dos Ministérios.
Uma estratégia com lógica política de quem quer garantir uma centralização no poder. Primeiro acaba com as especulações na área econômica, depois garante as vagas dos que estarão mais diretamente ligados a ela, como Casa Civil e Secretaria Geral da Presidência, para só então resolver o imbróglio dos partidos aliados.
Algo como: resolvido o dela, os demais se engalfinhem sozinhos.
*Comentarista política da CBN, Roseann Kennedy escreve esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco
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