Rodolfo Torres
O presidente Lula afirmou nesta segunda-feira (28) que o país entrará em 2010 “numa situação confortável”.
“Primeiro, porque a economia está crescendo; segundo, porque a massa salarial está crescendo; terceiro, porque a geração de empregos, ou seja, novos postos de trabalho com carteira profissional assinada, está [sic] crescendo, porque nós aumentamos o salário mínimo mais uma vez acima da inflação; quarto, nós temos um programa de investimento em infraestrutura consolidado no PAC, no Minha Casa, Minha Vida, no pré-sal”, afirmou o petista durante seu programa semanal de rádio, o Café com o Presidente.
Ele ainda destacou o “vigor” da economia brasileira diante da crise mundial, que atingiu de maneira mais intensa economias centrais, como a dos Estados Unidos. De acordo com Lula, 2009 “foi um ano em que o Brasil mostrou competência”. “Nós preparamos o Brasil bem para 2010.”
Declarando-se “mais otimista do que qualquer cidadão brasileiro”, Lula também pediu que a população continue consumindo, “mas sem se endividar demais”. “O Brasil, daqui para a frente, vai continuar crescendo porque nós queremos, nos próximos anos, nos transformar, quem sabe, na sexta, na quinta, na quarta economia do mundo.”
Confira a transcrição do programa
Luciano Seixas: Olá, você em todo o Brasil. Eu sou Luciano Seixas e começa agora o “Café com o Presidente”, o programa de rádio do presidente Lula. Olá, Presidente. Como vai? Tudo bem?
Presidente: Tudo bem, Luciano.
Luciano Seixas: Presidente, 2009 foi um ano bom para o País. Que balanço o senhor faz deste ano que está acabando?
Presidente: Olha, Luciano, eu acredito que 2009 tenha sido um ano, eu diria, mais do que bom. Porque a verdade é que o mundo inteiro entrou em pânico por conta de uma crise financeira, sobretudo de especulação imobiliária nos Estados Unidos, que depois tomou conta da Europa e do Japão, e o pessimismo tomou conta do mundo. E nós dizíamos que no Brasil essa crise não seria da envergadura que ela foi no mundo inteiro porque nós tínhamos um sistema financeiro mais sólido, não estávamos envolvidos na crise imobiliária e, portanto, a gente tinha clareza de que a crise seria menor. E, no fundo, no fundo, a crise chegou por último aqui, ela terminou primeiro, por algumas razões.
Muita gente acha que, às vezes, é apenas sorte, mas é importante lembrar que o Brasil já vinha trabalhando o PAC desde janeiro de 2007. É importante lembrar que nós, durante a crise, fizemos um grande programa para a agricultura brasileira no mês de junho; é importante lembrar que nós colocamos R$ 105 bilhões para a agricultura brasileira, além de negociarmos dívidas da agricultura brasileira e, desses R$ 105 bilhões, R$ 15 bilhões nós colocamos para o Pronaf. Nós já tínhamos lançado, em março deste ano, o programa Minha Casa, Minha Vida. Portanto, o Brasil tinha uma quantidade de investimento em infraestrutura, a melhoria de vida das camadas mais pobres da população, a ascensão de uma parcela da sociedade brasileira das classes D e E, que tudo isso permitiu que o consumo aumentasse, aumentasse a produção, aumentassem as vendas e que o Brasil, então, saísse da crise com muito mais vigor.
Nós tivemos um problema, é verdade, no mês de outubro, novembro e dezembro [de 2008] muito mais por pânico, muito mais por medo. Houve uma brecada muito forte na economia, desnecessária na minha opinião, mas eu penso que tudo isso já foi corrigido e nós estamos trabalhando com a certeza absoluta de que 2009 foi um ano em que o Brasil mostrou competência, mostrou firmeza, ousadia e mostrou que a gente tem uma preparação macroeconômica vigorosa e que, portanto, nós preparamos o Brasil bem para 2010.
Luciano Seixas: Você está ouvindo o “Café com o Presidente”, o programa de rádio do presidente Lula. Depois desse retrospecto, Presidente, o que esperar para 2010?
Presidente: Eu penso que nós vamos entrar em 2010 numa situação confortável. Primeiro, porque a economia está crescendo; segundo, porque a massa salarial está crescendo; terceiro, porque a geração de empregos, ou seja, novos postos de trabalho com carteira profissional assinada, está crescendo, porque nós aumentamos o salário mínimo mais uma vez acima da inflação; quarto, nós temos um programa de investimento em infraestrutura consolidado no PAC, no Minha Casa, Minha Vida, no pré-sal. Eu penso que a indústria automobilística voltou a investir e eu penso que o Brasil tem um mercado interno forte, portanto, esse mercado interno segura parte da economia.
Eu acho que a economia do mundo começa a se recuperar, mesmo que lentamente, e isso vai possibilitar que haja um crescimento das exportações brasileiras. Nós precisamos intensificar a abertura de novas áreas de comércio para o Brasil, sobretudo aprofundar mais no mundo asiático, aprofundar mais no Oriente Médio, aprofundar mais nos países africanos e na América Latina como um todo. Eu penso que isso vai fazer com que 2010 seja um ano altamente positivo para o Brasil.
Tem gente que fala que a economia vai crescer 6%, tem gente que fala que vai crescer 5%, tem gente que fala que vai crescer 5,5%. Eu não quero dizer nenhum número. Eu só quero dizer que a economia brasileira vai crescer o suficiente para que a gente gere os empregos necessários, gere os aumentos de salário necessários e a gente possa continuar fazendo os investimentos para melhorar a vida do povo da periferia, para melhorar a vida do povo do campo, para melhorar a situação da classe média brasileira e para que os empresários ganhem mais dinheiro, porque eles ganhando mais dinheiro eles vão fazer mais investimentos, gerar mais emprego, mais salário, ou seja, é a roda gigante da economia girando, e é isso o que eu espero de 2010.
Eu quero dizer ao povo brasileiro que eu estou mais otimista do que qualquer cidadão brasileiro. Acho que eu nunca estive otimista como eu estou agora. Vamos nos preparar, vamos trabalhar porque o que importa agora é muita cautela, mas muita ousadia. É preciso que a gente tenha disciplina, é preciso que a gente faça as compras necessárias, mas sem se endividar demais. E é preciso que a gente tenha clareza de que o Brasil não vai parar mais. O Brasil, daqui para a frente, vai continuar crescendo porque nós queremos, nos próximos anos, nos transformar, quem sabe, na sexta, na quinta, na quarta economia do mundo. Nós temos condições para isso e eu acho que é isso que o povo brasileiro espera do Brasil e é isso que ele vai fazer com que aconteça no Brasil.
Luciano Seixas: Muito obrigado, presidente Lula.
Presidente: Obrigado a você, Luciano, e até o próximo “Café com o Presidente”, daqui a duas semanas.
Luciano Seixas: Nós não teremos o programa “Café com o Presidente” nas próximas duas semanas. Você pode acessar o programa no endereço www.café.ebc.com.br
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