Em discurso de abertura da Assembléia Geral da ONU, o presidente Lula disse hoje (23) que o Brasil atual é diferente do de 2003, quando ele assumiu o comando do país. Segundo ele, o país enfrentou a fome e a pobreza.
Lula destacou que foram criados quase 10 milhões de empregos, 9 milhões de pessoas saíram da pobreza e a classe média cresceu, além do país estar menos vulnerável às crises externas. “Somos mais fortes do que a crise”, asseverou o petista nesta terça-feira, em Nova Iorque.
O presidente fez duras críticas aos países desenvolvidos. Começou condenando as soluções para o baque econômico vivido pelos EUA. “Uma crise dessas proporções não será superada com medidas paliativas. As soluções deverão ser globais”, disse Lula.
Ele cobrou a volta das negociações da rodada de Doha, mecanismo pelo qual os países ricos abandonariam os subsídios agrícolas a seus produtores, que diminui a competitividade dos produtos das nações mais pobres no mercado do primeiro mundo.
“Fascistas”
Lula foi duro ao criticar as restrições à imigração, o que acontece principalmente nos EUA e na Europa. Ele disse que isso significa acabar com a livre circulação de pessoas, “sob argumentos nacionalistas e até fascistas”. “Um suposto nacionalismo é praticado em países desenvolvidos sem constrangimento”, reclamou.
O presidente retomou a defesa dos biocombustíveis e rebateu o argumento de que eles são responsáveis pelo desabastecimento de alimentos. “O etanol de cana diminui a dependência dos combustíveis fósseis [como petróleo e carvão], gera empregos e é compatível com a produção de alimentos”, afirmou Lula.
Ele aproveitou a ocasião para cobrar a ampliação do Conselho de Segurança na ONU, cujo debate se arrasta há 15 anos. O Brasil pleiteia uma vaga num eventual novo conselho. Lula destacou que o formato atual tem 60 anos e não corresponde à realidade mundial. “É uma representação distorcida e um obstáculo ao mundo multilateral.”
O presidente comentou os avanços na cooperação entre os países em desenvolvimento sem “intermediação” dos países ricos. Para isso, usou como exemplos o socorro à Bolívia em crise e os fóruns do G-20, do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e das cúpulas da América do Sul com a África e os países árabes. (Eduardo Militão)
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