Em 2014, 59.627 pessoas foram vítimas de homicídio no Brasil, segundo registros do Ministério da Saúde. Assim, o país alcançou a taxa de 29,1 homicídios a cada 100 mil habitantes, o maior índice dos últimos dez anos. Para se ter uma dimensão do fenômeno, o número representa 10% dos homicídios registrados no mundo em 2013 e coloca o país no topo da lista do número de homicídios absolutos. Os números foram divulgados hoje (22) pelo Atlas da Violência 2016, organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBPS).”Numa comparação com uma lista de 154 países com dados disponíveis para 2012, o Brasil, com estes números, estaria entre os 12 com maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes”, diz o estudo.
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O documento revela que 46,4% das mortes de homens entre 15 e 29 anos são decorrentes de homicídios. O índice aumenta para 53% quando o recorte é entre jovens de 15 a 19 anos.
A região Norte apresentou queda na taxa de homicídios em 2014, enquanto os números das regiões Centro-Oeste e Sudeste permaneceram estáveis, e houve aumento no Nordeste e no Sul.
A pesquisa revela um aumento da violência em cidades do interior, até então consideradas pacíficas, o que “coloca um enorme desafio ao Pacto Nacional pela Redução dos Homicídios, anunciado recentemente pelo Ministério da Justiça, que focará nos 81 municípios com maiores índices de homicídios”. As três microrregiões que apresentaram maior aumento nos índices de homicídios estão na Bahia: Senhor do Bonfim, Serrinha e Santo Antônio de Jesus.
Os jovens são as principais vítimas dos homicídios. Em 2014, foram 31.419 assassinatos concentrados apenas na faixa entre 15 e 29 anos. Os números mostram que o pico de homicídios para os homens ocorre aos 21 anos de idade. E, se o jovem em questão for negro, as chances de ser assassinado são ainda maiores. “Aos 21 anos de idade, quando há o pico das chances de uma pessoa sofrer homicídio no Brasil, pretos e pardos possuem 147% a mais de chances de ser vitimados por homicídios, em relação a indivíduos brancos, amarelos e indígenas”, revela o relatório. Ou seja, durante o ano de 2014, para cada não-negro que sofreu homicídio, 2,4 negros foram mortos.
O levantamento revela que a educação pode ser encarada como um escudo contra homicídios. Isso porque “as chances de um indivíduo com até sete anos de estudo sofrer homicídio no Brasil são 15,9 vezes maiores do que as de alguém que ingressou no ensino superior”.
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