O Plenário da Câmara derrubou, por 283 votos a 156, o parecer do Conselho de Ética que recomendou a cassação do deputado Roberto Brant (PFL-MG). Foram registradas 18 abstenções e um voto branco.
Brant foi apontado pela CPI dos Correios como um dos beneficiários dos recursos do valerioduto. Em 2004, quando era candidato à prefeitura de Belo Horizonte, o pefelista recebeu uma doação de R$ 102 mil da Usiminas via SMP&B, agência de publicidade do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O recurso não foi declarado à Justiça Eleitoral.
O pefelista argumentou que não podia declarar a doação porque todo o dinheiro foi repassado ao PFL de Minas Gerais. “Não sou presidente nem tesoureiro do partido”, afirmou. O montante foi usado, segundo Brant, para pagar despesas de campanha contraídas antes da campanha de 2004.
O relator do processo, Nelson Trad (PMDB-MS), sustentou que o fato de o dinheiro ter ido parar no caixa do PFL não isenta o deputado da responsabilidade de declarar um recurso que, em princípio, foi repassado para ele. “O recurso transitou de forma clandestina, sem cheque nominal que identificasse a origem e o destino do recurso”, afirmou.
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Pouco antes da votação em plenário, o pefelista fez um discurso emocional, em que conclamou os companheiros a se rebelarem contra a opinião pública que cobra punições contra os acusados. Disse que o Congresso não pode se curvar, que os parlamentares têm que enfrentar a opinião pública, pois ela não é o povo, é bem menor que ele.
Disse que, mesmo absolvido, pretende abandonar a vida pública. “Esse processo maculou de maneira irrevogável minha vida pública”, declarou, ao mesmo tempo em que fazia duras críticas à imprensa.
Amargura
"O grande André Malraux dizia, de maneira pungente, que os homens não conhecem as palavras com as quais podem expressar as suas dores mais profundas. É verdade. Por isso, eu passei quase todo esse tempo mais ou menos em silêncio. Agora, eu tenho de confessar: a amargura tocou a minha alma, com seus dedos frios, atravessou com pungência. E dentro de mim nasceu um deserto, com o qual eu vou viver para sempre."
Brant sustentou a versão de que o dinheiro sacado nas contas de Valério no Banco Rural não tem qualquer ligação com recursos públicos. Ele afirmou não ter usado o montante em sua campanha porque não tinha chances de vencer a eleição e, por isso, preferiu doar o recurso para o diretório regional do PFL.
Trad reforçou que, apesar de Brant não ter usado caixa dois, houve a intenção de não declarar o recurso. “É a primeira vez que alguém será punido por ter tido uma intenção”, rebateu o pefelista. “Não tinha como declarar porque o dinheiro não foi usado na minha campanha, eu repassei para o partido e não sou presidente nem tesoureiro para registrar a doação”, emendou.
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