O ex-ministro da Defesa e candidato à vice-Presidência, Walter Braga Netto, tentou pressionar o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes para que ele aderisse ao golpe de Estado. As informações são da Polícia Federal, em investigação que apura o suposto planejamento de ações golpistas no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo as investigações, o general Freire Gomes teria sido contra a ideia do golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. A atitude foi criticada por integrantes do grupo golpista, de acordo com a PF. Entre eles, o general Braga Netto.
Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou operação contra Bolsonaro e seus apoiadores nesta quinta-feira (8), é possível ver prints de conversas de WhatsApp entre o coronel reformado Ailton Barros e Braga Netto:
Braga Netto: Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente.
Leia também
Ailton: Então vamos continuar na pressão e se isso se confirmar vamos oferecer a cabeça dele aos leões.
Braga Netto: Oferece a cabeça dele. Cagão.
PublicidadeSegundo a decisão de Moraes, os registros das conversas “evidenciaram a participação e adesão do investigado WALTER SOUZA BRAGA NETTO na tentativa de golpe de Estado, com forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”.
Além de Freire Gomes, o general Braga Netto também articulou ações para pressionar o tenente-brigadeiro Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB). Braga Netto chamava o militar de “traidor da pátria”.
As provas, segundo Moraes, vão de encontro com a delação do ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid. O ex-aliado de Bolsonaro relatou que em uma reunião do então presidente com os comandantes do Exército, da Força Área e da Marinha para discutir um suposto golpe de Estado, somente o chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, teria concordado com a destituição do Estado Democrático de Direito.
Operação da PF
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção no poder do então presidente Jair Bolsonaro. É a operação da PF sobre a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 que mais se aproxima da cúpula política do antigo governo.
Entre os alvos, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, como os ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.