O Bradesco emitiu cheque administrativo de R$ 500 milhões, no último dia útil de 2014, em nome de Arianna Azevedo Costa Bachmann, filha do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores do esquema bilionário de corrupção descoberto na estatal pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O banco disse ter se tratado de erro e, na última segunda-feira (26), cerca de um mês após a emissão do cheque, passou a tomar providências para recuperá-lo e sustá-lo – o que já foi feito. O valor correto, alega, é R$ 500 mil.
Para recuperar o cheque, devolvido ontem (quinta, 29), o Bradesco chegou a pedir à Justiça um mandato de busca e apreensão contra Arianna. De acordo com o advogado dela, Raphael Montenegro, o imbróglio teve início em 30 de dezembro, quando Arianna foi a uma agência do banco, no Rio de Janeiro, para fazer um saque de R$ 650 mil em aplicação de previdência privada, montante que não estaria bloqueado por ordem da Justiça.
Um dos presos da Lava Jato, Paulo Roberto Costa terá de deixar à disposição das autoridades todo o seu patrimônio, situação que envolve alguns de seus parentes. Arianna figura como beneficiária do acordo de delação premiada que o pai fechou com o Ministério Público Federal para reduzir sua condenação.
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Segundo Raphael Montenegro, a solicitação de Arianna, no último expediente bancário do ano, foi para que o montante fosse dividido em dois cheques – um de R$ 500 mil e outro de R$ 150 mil. Ela não teria conferido o valor, informa o jornal O Globo, e apenas em 3 de fevereiro percebeu que havia recebido uma quantia mil vezes mais elevada, de R$ 500 milhões.
O Bradesco inicialmente acusou Arianna de recusar devolver o cheque, que poderia ser endossado por ela, se assim ela decidisse, para outro beneficiário. A defesa de Arianna nega a recusa e explica que o banco queria efetuar a devolução de maneira informal, que ela não aceitou. Arianna, ao perceber o erro, teria procurado o banco e solicitado que a operação fosse documentada. Diante da ação judicial, ela devolveu o documento ontem (quinta, 29).
Na última segunda-feira (26), o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Lava Jato em primeira instância, determinou ao Ministério Público a disponibilização de detalhes do acordo de delação premiada firmado com as duas filhas do ex-diretor de Abastecimento, Arianna e Shanni, além dos respectivos maridos, Humberto Sampaio e Márcio Lewkowicz. Segundo as investigações eles movimentaram, inclusive no exterior, recursos provenientes do esquema de corrupção que contava com executivos de empreiteiras, políticos, doleiros e ex-dirigentes da estatal.
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