O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, pretende acertar o passo do partido com o antigo aliado PSDB e pede o apoio do ex-presidente da República Fernando Henrique para montar um plano de ação conjunta para os próximos quatro anos. A intenção do pefelista é acabar com descompasso nas decisões das duas legendas, segundo a colunista Dora Kramer, do Estado de São Paulo.
“A dubiedade e hesitação do PSDB preocupam o presidente do PFL, que identifica no ex-presidente da República uma referência interna capaz de agir como ‘maestro’ na busca da coesão interna, principalmente no que tange à posição dos governadores, na visão do pefelista excessivamente amenos com o governo federal por causa de seus interesses administrativos.”
A disputa da presidência da Câmara não foi tratada por Bornhausen. Segundo ele, não haverá imposições para reparação da decisão tucana. “Posso até considerar o passo um tanto equivocado, já que, como oposição, o PFL acha que o apoio a Aldo Rebelo é o mais correto para dividir a base governista, mas não condeno, porque um assunto interno da Câmara não pode ser motivo de desgaste de um relacionamento político mais amplo.”
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Entretanto, o pefelista pretende restabelecer a unidade das duas legendas para aumentar a atuação da oposição e evitar os erros cometidos por eles no primeiro mandato do presidente Lula.
“Já em 2003 nós decidimos ficar na oposição. Havia uma ala que estava próxima de Lula, mas, logo que começaram a estourar os escândalos, em 2004, estabeleceu-se a unidade interna. O PFL tem vários problemas, mas não vive o dilema entre ser ou não ser oposição.”
Para Bornhausen, os tucanos ainda não conseguiram definir a postura política única. “Um grupo vive a expectativa de vir a se aproximar do PT, outro, o dos governadores, quer preservar uma boa relação administrativa, outro tem mais nitidez oposicionista e fica cada um falando um idioma. Este descompasso não é bom.”
“Jorge Bornhausen e Fernando Henrique ficaram de voltar a conversar sobre a possibilidade de os dois partidos montarem um plano de ação conjunta. O projeto, acrescenta Bornhausen, não inclui alianças eleitorais, seja para 2008 ou 2010. O relevante, dentro da proposta feita pelo PFL ao PSDB, é saber como atuar para chegar vivos às eleições.”
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Cabral: "sou um pragmático"
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), desfruta do trânsito entre oposição e situação e afirma ter a “neutralidade radical”. Em alta, Cabra tem conquistado destaque na mídia. Tanto que os dois principais jornais paulistas publicaram, neste domingo (14), uma entrevista com o governador carioca.
Em ambas, Cabral aproveita para elogiar o governo Lula, mas não deixa de também falar bem dos governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). “Eu sou amigo de todos. Sou amicíssimo. Aliás, o Serra me ligou”, diz.
“O Lula é o meu mais recente amigo de infância. O Serra foi meu candidato a presidente em 2002. Eu entrei de cabeça na campanha dele. Fui visitá-lo antes de tomar posse porque o Serra é um craque da gestão. É um dos quadros de gestão mais qualificados do Brasil.”
Sérgio Cabral é formado em jornalismo e tem mostrado, logo nos primeiros dias de governo, habilidade para se expor na mídia. Na articulação política, ele mostra que não deseja criar inimigos. "Sou um pragmático. Estou próximo de quem está próximo do Rio. Fazer amigos é um dom, uma bênção. O carioca tem essa característica, não é litigioso"
Ao dizer o que a população carioca queria ouvir, o governador iniciou seu mandato gerando muitas expectativas. Ainda assim, diz não temer frustrar seu eleitorado. “Estou há menos de duas semanas no governo, enfrentando uma série de dificuldades, mas dando respostas. Concordo que há uma expectativa muito grande, essa expectativa é positiva, porque mostra que a população está confiando na nossa ação e, por outro lado, temos de dar resposta.”
O governador evita falar sobre planos futuros e afirma que, por enquanto, não pensa nem reeleição, nem em candidatura à presidência do país. “Em 2010, sou candidato a presidente do Vasco, que é o meu projeto pessoal.”
Lula quer criar rede de rádio
O presidente Lula quer criar um canal de comunicação em período integral das ações do governo com a população e pensa em lançar uma rede de rádio ainda neste ano. Com isso, de acordo com matéria do Estado de São Paulo, poderá ser extinto o programa diário A Voz do Brasil.
“Pelos planos divulgados, a programação basicamente reproduziria o conteúdo das emissoras do Sistema Radiobrás, além das Rádios Câmara, Senado e Justiça. Mas poderão ser abertos espaços para notícias regionais, estaduais e municipais. A estimativa de assessores que participam do projeto é de que com R$ 50 mil seja possível montar no interior uma pequena estação que alcance pelo menos cinco cidades.”
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, deverá apresentar o projeto final da rádio em fevereiro. Segundo o ministro, deverão ser feitos convênios com governos estaduais, municipais, prefeituras e entidades com cobertura nacional. “No momento em que se criar essa estrutura de rádio nacional, pode-se começar a conversar sobre a possibilidade de acabar com A Voz do Brasil”, disse o ministro.
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