Leia também
“Se eu chegar lá (na Presidência), não vai ter dinheiro pra ONG. Esses vagabundos vão ter que trabalhar. Pode ter certeza que se eu chegar lá, no que depender de mim, todo mundo terá uma arma de fogo em casa, não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.”
Veja o vídeo a partir da declaração sobre os quilombolas:
Diante de uma plateia majoritariamente formada por judeus descendentes de refugiados da Segunda Guerra Mundial, o deputado defendeu que o país que feche as portas para quem foge hoje da barbárie em outros países: “Não podemos abrir as portas para todo mundo”. O parlamentar, que responde a processo no Supremo Tribunal Federal por incitação ao crime de estupro, foi aplaudido pela maior parte dos participantes do encontro.
Do lado de fora, mais de 100 pessoas protestavam contra sua presença na Hebraica. O anúncio da participação dele em um evento no clube da comunidade judaica em São Paulo, em fevereiro, provocou tanta polêmica que acabou sendo cancelado na véspera.
O deputado voltou a se referir a “raça” para atacar os manifestantes que o vaiavam. “Alguém já viu um japonês pedindo esmola por aí? Não, porque é uma raça que tem vergonha na cara. Não é igual a essa raça que tá aí embaixo, ou como uma minoria que tá ruminando aqui do lado”. “O pessoal aí embaixo (manifestantes), eu chamo de cérebro de ovo cozido. Não adianta botar a galinha, que não vai sair pinto nenhum. Não sai nada daquele pessoal.” Ele também fez comentário ironizando as mulheres. “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”, disse.
“Não sou bom”
Em seu discurso, Bolsonaro admitiu que não é um bom candidato e atacou até o seu próprio partido, o PSC, com o qual anda em litígio. Ele pretende concorrer ao Palácio do Planalto por outra sigla. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), feita pela MDA, aponta Bolsonaro com 11,3% das intenções de voto, em empate técnico com a ex-ministra Marina Silva (Rede) e atrás apenas do ex-presidente Lula (PT), com 30,5%.
“Eu não sou bom, não. Mas os outros são muito ruins. Me esculacham tanto e mesmo assim eu continuo subindo nas pesquisas”, disse. “O PSDB, por exemplo. Eu não posso afirmar nada, mas de acordo com os delatores toda a cúpula tá na Lava Jato. Se é verdade ou não, não sei. Mas eu não vou criticar o PSDB, porque o meu PSC, quando abrir de vez a tampa da latrina…”, acrescentou.
Deficiência física
Bolsonaro ainda fez referência à deficiência física do ex-presidente Lula para criticá-lo. “Tínhamos na presidência um energúmeno que são sabia contar até dez porque não tinha um dedo.”
O deputado adiantou que, em um eventual debate para o Planalto, vai fugir de temas que o perseguem: “Se um idiota num debate comigo falar sobre misoginia, homofobia, racismo, baitolismo, eu não vou responder sobre isso”. “Eu não tenho nada a ver com homossexual. Se bigodudo quer dormir com careca, vai ser feliz”, emendou.
Sob protesto
Como o evento realizado na Hebraica na última segunda-feira (3) era restrito a convidados, os manifestantes ligados à própria comunidade judaica ficaram do lado de fora. Um dos participantes puxou nome de judeus mortos durante a ditadura militar – hoje apoiada por Bolsonaro –, como o jornalista Vladimir Herzog e a psicóloga Iara Iavelberg. Após a citação do nome, os demais respondiam a uma só voz: “Presente”.
Outras palavras de ordem foram proferidas como “Judeu e sionista não apoia fascista” e “pela vida e pela paz, tortura nunca mais”. O grupo também fazia menção à denúncia a que o deputado responde no Supremo Tribunal Federal por apologia ao estupro: “Ei, mulher, ele apoia o estupro”.
A ação foi motivada por discurso feito por Bolsonaro, em dezembro de 2014, em que ele afirmava que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) “não merecia ser estuprada”. O deputado reiterou os ataques à colega em entrevista publicada no dia seguinte pelo jornal gaúcho Zero Hora. “É muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”, declarou.
Abaixo, a íntegra da palestra de Bolsonaro na Hebraica: