Novo partido do deputado Jair Bolsonaro (RJ), o Partido Social Liberal (PSL) espera filiar, ainda nos primeiros dias da chamada janela partidária (período para troca de partido), pelo menos dez deputados. Estimativas do entorno do deputado é de que o PSL termine o período em que os deputados poderão trocar de partido, que se encerra em 7 de abril, com 20 novos parlamentares filiados.
Além do próprio Jair e do filho Eduardo (SP), os deputados Delegado Waldir (GO), atualmente no PR, e o Delegado Francischini (PR), do Solidariedade, vão migrar para o PSL em cerimônia a ser realizada nesta quarta-feira (7), em Brasília. O parlamentar goiano é um dos membros da Frente Parlamentar da Segurança Pública e integra, a exemplo de Francischini, o que se convencionou chamar de “bancada da bala”, grupo de parlamentares favoráveis, por exemplo, à revogação do Estatuto do Desarmamento e à redução da maioridade penal.
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O coordenador da “lista” de novos filiados é Francischini. O parlamentar paranaense estava no Solidariedade e passará a ocupar a secretaria nacional do PSL. O gabinete do deputado foi uma das paradas de diversos deputados interessados em trocar de partido nas últimas semanas. Procurado diversas vezes pelo Congresso em Foco, o deputado não respondeu aos contatos da reportagem.
Delegado Waldir, que também se filiará na próxima quarta, será um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro à Presidência da República. Ele também assumirá o diretório estadual do PSL.
Bolsonaro, Patriotas, PSL e Livres
No início deste ano, Bolsonaro desistiu do que havia chamado de “noivado” com o Patriotas. No dia 5 de janeiro, o deputado anunciou a filiação ao PSL após quase um ano de negociações com o Patriotas, que mudou de nome a pedido do deputado. Com a chegada de Bolsonaro ao PSL, que em dezembro havia descartado uma possível filiação, o Livres, movimento que comandava a reestruturação no partido, deixou o PSL.
O Livres, que estava agregado ao PSL há cerca de dois anos, divulgou nota no Facebook anunciando o desembarque do partido “com extremo pesar”. O grupo, cujo um dos líderes é Sérgio Bivar, filho do deputado e presidente do partido, Luciano Bivar (PE), afirmou que “a chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa”.
Em dezembro, quando a possibilidade de Bolsonaro ir para o PSL foi aventada, o Livres já tinha divulgado nota com teor semelhante. Naquela época, Luciano Bivar tinha recebido Bolsonaro para uma reunião, o que deu início aos rumores em torno da adesão.
De acordo com o comunicado do partido, os deputados haviam conversado sobre a questão do Imposto Único, uma bandeira histórica do PSL, no âmbito de uma reforma tributária. A nota também descartava a filiação do deputado fluminense, afirmando que pelas “evidentes e conhecidas divergências de pensamento, o projeto político de Jair Bolsonaro é absolutamente incompatível com os ideais do Livres e o profundo processo de renovação política com o qual o PSL está inteiramente comprometido”.
Fome e alívio
Já o presidente do Patriota, Adilson Barreto, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que estava “aliviado” com a desistência de Bolsonaro de se filiar ao partido. Adilson também reclamou que mudou o nome e o estatuto da legenda, cedeu diretórios a Bolsonaro e sequer havia recebido um telefonema do parlamentar, “em sinal de consideração”.
Adilson disse ainda que a relação entre o presidenciável e o partido acabou “envenenada” pela fome do deputado e do advogado Gustavo Bebbiano, para tomar “o partido inteiro para o grupo de Bolsonaro”. “Você não pode ser convidado para entrar em uma casa e depois querer tomar ela inteira para você, expulsando seus moradores originais”, acrescentou o dirigente.
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