Roseann Kennedy*
Num debate sobre a “Lei da Palmada”, na semana passada, na TV Câmara, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) expôs a receita do preconceito e da violência contra homossexuais no país. O parlamentar pregou que para mudar o comportamento de um filho gay basta o pai recorrer às agressões físicas.
Bolsonaro disse que “se o filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele”. Nesta sexta, em entrevista à CBN, sem nenhum constrangimento ou arrependimento, ele ratificou a declaração: “Filho meu não vai andar com garotos que têm esse tipo de comportamento. Se preciso for, dou um couro nele para ele acabar com essas amizades”.
As frases são estarrecedoras, porque é a partir de pensamentos e atitudes assim que surgem grupos homofóbicos, que agridem e matam pessoas por não aceitar sua sexualidade.
Ninguém nasce preconceituoso. Seja sobre o que for: credo, sexo, religião. As pessoas vão recebendo as mensagens e os valores – nesse caso, equivocados – ao longo da vida.
Numa situação como essa, fico imaginando o conceito que será formado na cabeça de uma criança ou adolescente que leve um “couro”, ou seja, uma “surra”, para não ser homossexual ou não andar com os gays.
Claro que o único raciocínio que esse jovem terá é de que homossexualismo tem de ser combatido é com violência. Meio que assim: “Apanhei para não ser gay e nem andar com eles. Eles também têm que apanhar para se consertar”.
Então, não há como dizer, que a pregação é apenas dentro da própria família. Esse não é um tipo de gesto que se isole em si. É uma atitude que se propaga.
Mas, não bastasse o posicionamento do parlamentar ser absurdamente retrógrado e preconceituoso, choca saber que esse deputado integra a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Como assim? Só se for para agir como oposição aos direitos humanos na comissão.
*Roseann Kennedy é comentarista política da CBN e faz esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco
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