Edson Sardinha e Mário Coelho
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a senadora Marinor Brito (Psol-PA) trocaram insultos esta manhã enquanto a senadora Marta Suplicy (PT-SP) dava entrevista a jornalistas, explicando o motivo de ter retirado de pauta o projeto de lei que torna crime a discriminação de homossexuais. Os dois trocaram acusações e quase se agrediram no corredor que dá acesso ao plenário da Comissão de Direitos Humanos do Senado, interrompendo a entrevista da petista.
“É um cúmulo aprovar esse projeto e ser preso por causa de um boiola”, disse o deputado. A confusão começou quando Bolsonaro se postou atrás de Marta com um panfleto que qualifica o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGTB (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) como uma proposta do governo para ?transformar? jovens estudantes em homossexuais.
Marinor tentou retirar um panfleto semelhante das mãos de um manifestante evangélico e acusou Bolsonaro. ?Tu és homofóbico. Tu deverias ir pra cadeia! Tira isso daqui. Isso está sendo feito com dinheiro público. Homofóbico, criminoso, criminoso, tira isso daqui, respeita!?, disse a senadora ao deputado. ?Bata no meu [panfleto]?, desafiou o parlamentar fluminense. ?Eu bato. Vai me bater? Depois dizem que não tem homofóbico aqui?, reagiu a senadora, chamada de ?heterofóbica? pelo deputado. Parlamentares tiveram de intervir para acalmar os ânimos.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Paulo Paim (PT-RS), pediu o fechamento da porta do colegiado para que as votações pudessem ser retomadas. Em seguida, mais calma, Marinor voltou à comissão para pedir que fossem tomadas as ?medidas cabíveis? contra o deputado. ?Não sei se a cartilha foi feita com dinheiro público?, afirmou. Para ela, a manifestação de Bolsonaro é ?prova inconteste do movimento homofóbico instalado no Congresso Nacional?. ?Ele faz comparação de cidadãos homossexuais a criminosos pedófilos?, criticou.
Polêmica
Mais cedo, Marta havia retirado de pauta seu parecer favorável ao projeto que torna crime a discriminação de homossexuais. O texto estava previsto para ser votado hoje na Comissão de Direitos Humanos. A senadora afirmou que havia cedido a apelos de lideranças religiosas para garantir a preservação da liberdade de culto. Mas, como ainda há resistência à proposta, decidiu pedir mais tempo para buscar um entendimento.
Bolsonaro é alvo de oito representações por quebra de decoro parlamentar por causa de declarações dele ao programa CQC, da Band. No quadro “O povo quer saber”, o deputado foi questionado pela cantora Preta Gil sobre como agiria se seu filho se apaixonasse por uma negra. “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”, respondeu Bolsonaro. Com a polêmica, ele próprio pediu para ser ouvido pelo Conselho de Ética. E negou que a declaração fosse racista. O deputado disse ter entendido que a pergunta da cantora se referia a homossexuais.
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