O deputado federal Jair Bolsonaro desistiu de se filiar ao Patriota, antigo Partido Ecológico nacional (PEN) e anunciou filiação ao PSL na noite de ontem (sexta, 5). Após quase um ano de negociações, o acerto com a legenda, que mudou de nome a pedido do deputado, naufragou. Com a chegada de Bolsonaro ao PSL, o Livres, movimento que comandava a reestruturação no partido, anunciou que deixará o PSL. Em dezembro, a sigla tinha descartado a filiação do deputado.
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O presidente do Patriota, Adilson Barreto, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que estava “aliviado” com a desistência de Bolsonaro de se filiar ao partido. Barreto também reclamou que mudou o nome e o estatuto do partido, cedeu diretórios a Bolsonaro e sequer havia recebido um telefonema “em sinal de consideração”. Ele disse ainda que a relação entre o presidenciável e o partido acabou “envenenada” pela fome do deputado e do advogado Gustavo Bebbiano, para tomar “o partido inteiro para o grupo de Bolsonaro”. “Você não pode ser convidado para entrar em uma casa e depois querer tomar ela inteira para você, expulsando seus moradores originais”, disse Barreto ao jornal.
Barreto afirmou ao Estadão que tentará convencer o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa a se candidatar à Presidência pelo Patriota. O PSB já tenta há meses convencer o ex-ministro, mas parte da legenda resiste à ideia.
Livres X Bolsonaro
O Livres, que fazia parte do PSL há cerca de dois anos, divulgou nota no Facebook anunciando o desembarque (leia íntegra abaixo). O grupo, cujo um dos líderes é Sérgio Bivar, filho do deputado e presidente do partido, Luciano Bivar (PE), afirma que “a chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa”.
Em dezembro, quando a possibilidade de Bolsonaro ir para o PSL foi aventada, o Livres já tinha divulgado nota com teor semelhante. Naquela época, Luciano Bivar tinha recebido Bolsonaro para uma reunião, o que deu início ao rumor. De acordo com o comunicado do partido, os deputados haviam conversado sobre o Imposto Único, uma bandeira histórica do PSL. A nota também descartava a filiação do deputado fluminense, afirmando que pelas “evidentes e conhecidas divergências de pensamento, o projeto político de Jair Bolsonaro é absolutamente incompatível com os ideais do Livres e o profundo processo de renovação política com o qual o PSL está inteiramente comprometido”.
Em uma publicação no Twitter, em outubro de 2016, a conta oficial do partido na rede afirmava que “de liberal, Bolsonaro não tem nada”. A imagem do post diz que Bolsonaro é um “milico, corporativista e protecionista de direita que mente dizendo ser liberal”. O link redireciona para texto publicado no site do Instituto Mercado Popular.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo Livres:
“É com extremo pesar que comunicamos a saída do Livres do Partido Social Liberal.
Ao longo de quase dois anos, nos empenhamos na construção de um projeto inédito no Brasil: um novo partido político firmado em ideais de liberdade e integridade institucional. Conquistamos milhares de filiados em todos os estados do Brasil. Só no Facebook são mais de 150 mil seguidores. Formamos quadros qualificados que já haviam assumido o comando de 12 diretórios estaduais do PSL. Nosso vereador Lucas de Brito foi escolhido o melhor parlamentar de João Pessoa em 2017.
O ano de 2018 iria consolidar nosso projeto de renovação. Nossas novas lideranças políticas faziam do Livres o segundo partido mais representado no programa RenovaBR. Quadros do nível de Elena Landau desenvolviam um plano de trabalho para fazer da nossa Fundação uma das principais referências em políticas públicas na América Latina. Havíamos atraído alguns dos melhores parlamentares brasileiros dispostos a compor já no próximo mês uma bancada Livres de qualidade e integridade sem comparação no congresso nacional.
Agora, infelizmente, Livres e PSL tomam caminhos separados. A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa.
Além das origens e objetivos comuns que nos identificam com os ideais da liberdade, nós, do Livres, temos em comum também o mesmo inimigo: a velha política que satura o cidadão brasileiro.
Recusamos a reciclagem do passado. Não vamos arrendar nosso projeto à velha política de aluguel. Nosso compromisso não é com a popularidade das pesquisas da semana passada, mas com a população de um país que exige a transformação da política partidária. Não queremos servir a um grande nome, mas sim à grande massa de batalhadores de nosso Brasil. Se hoje a velha política nos derrota é porque ela não conseguiu nos conquistar.
Continuaremos a lutar por um estado mais enxuto, que concentre os recursos públicos em segurança, saúde e educação. Seguiremos na defesa das liberdades e oportunidades dos brasileiros que batalham e se sacrificam para construir suas famílias e suas carreiras, suas empresas e suas organizações – são eles os principais ativos de uma economia de mercado e a voz da consciência de uma civilização democrática.
Sabemos das dificuldades dessa nova etapa. Não fugiremos delas. Se escolhemos o desafio de um novo caminho à acomodação da velha política é porque tememos mais as facilidades do que as dificuldades da política. O grupo que hoje forma o Livres se esforçará em conjunto para amadurecer e formalizar nosso modelo de governança, por meio do qual iremos deliberar democraticamente sobre a estratégia do movimento para as eleições 2018.
Nós, do Livres, não descansaremos até que se instaure no Brasil um projeto político em que a democracia é uma garantia, as instituições são mais fortes que os interesses dos dirigentes, e o valor da liberdade é supremo e verdadeiro.”
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