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Bolsonaro se aproveitou do esvaziamento da sessão patrocinado por deputados e senadores da base governista. A intenção era deixar a votação da LDO para hoje (20). Notório defensor dos militares e do golpe de 1964, o deputado fluminense afirmou que a “unanimidade mostrada em plenário não condiz com a verdade”. Chegou a citar que Ulysses Guimarães e José Sarney votaram a favor do marechal Castello Branco na eleição indireta de 11 de abril de 1964.
“Caiu a máscara de muita gente aqui (…) Houve eleição na época para o novo presidente. Era o momento que nós vivíamos”, afirmou, lembrando de manchetes dos jornais da época. Uma das lidas por Bolsonaro dizia que Jango se aproximava politicamente de Nikita Khrushchev, chefe de governo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) entre 1958 e 1964. “Muita gente aqui tem que aprender história”, comentou.
Se a votação nominal pedida por Bolsonaro fosse à frente, o projeto de resolução não passaria na Câmara e no Senado. Por consequência, deputados e senadores aceitaram a sugestão do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que a sessão fosse encerrada e a votação retomada hoje, às 20h.
“O presidente João Goulart aguardou 50 anos para que esta reparação histórica ocorra. Não tardará para que a justiça chegue. Chegará amanhã. É só uma questão de horas”, afirmou um dos autores do projeto, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP). O texto é subscrito também pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS). “É uma desculpa histórica que o Senado e o Congresso devem”, completou Renan.
Com a confirmação da pauta para hoje, o projeto de resolução será votado uma semana depois dos restos mortais do ex-presidente, morto em circunstâncias misteriosas em 6 de dezembro de 1976, serem exumados. Na última quinta-feira (14) os despojos foram recebidos em Brasília pela presidenta Dilma Rousseff em uma cerimônia que contou com os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor e Lula.