Reportagem publicada pela revista Veja nesta sexta-feira (25) movimentou o meio político nas redes sociais. Segundo a publicação, o empresário Marcos Valério Fernandes, condenado como operador financeiro do mensalão, afirmou em depoimento a procuradores que o ex-presidente Lula foi chantageado por um empresário de Santo André (SP), que ameaçava implicá-lo na morte do ex-prefeito da cidade Celso Daniel, em 2002.
O assunto tomou conta do Twitter, e os termos Marcos Valério e Celso Daniel foram alçados aos trending topics da rede social. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi um dos que se pronunciaram sobre a reportagem. Ele disse não estar surpreso com a alegação de Valério.
Marcos Valério alega que o corrupto presidiário Lula é um dos mandantes do assassinato de Celso Daniel! Surpreso? Não!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 25 de outubro de 2019
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As deputadas do PSL Bia Kicis (DF) e Carla Zambelli (SP) também repercutiram o assunto. Enquanto a representante do Distrito Federal chamou Lula de “santo do pau oco”, a parlamentar paulista aproveitou a denúncia para criticar o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre prisão em segunda instância que pode beneficiar o ex-presidente.
PublicidadeE agora, Lula? O santo do pau oco agora é apontado em depoimento como mandante do assassinato de Celso Daniel. Triplex e sítio são fichinha na ficha corrida da alma mais honesta do país. pic.twitter.com/JyxO0vaCWK
— Bia Kicis (@Biakicis) 25 de outubro de 2019
Documento obtido pela @VEJA mostra que Marcos Valério apontou o presidiário como MANDANTE DO ASSASSINATO de Celso Daniel.
Péssima hora para o @STF_oficial soltá-lo, não acham? pic.twitter.com/SHOj3LF0M1
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli17) 25 de outubro de 2019
Já os deputados do PT Alexandre Padilha (SP) e Gleisi Hoffmann (PR) criticaram a reportagem. Padilha defendeu que a acusação faz parte de uma série de ataques contra o ex-presidente. Já a presidente do Partido dos Trabalhadores chamou a revista de “porcaria” e falou que o lugar da publicação era “na lata do lixo”.
Começa c/Palocci, depois Venezuela,depois Kadafi,depois briga Dilma-Gleisi-Haddad, depois a atual namorada, depois números inventados de estupradores-homicidas-traficantes…qdo ñ sobra mais nada p/atacar Lula,vem a sessão vintage:Valério e Celso Daniel…
— Alexandre Padilha (@padilhando) 25 de outubro de 2019
O Artigo do @luisnassif coloca essa porcaria da Veja no seu devido lugar, na lata do lixo! Nunca foram tão longe numa mentira contra Lula https://t.co/zO4KPefhwy
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 25 de outubro de 2019
A reportagem
De acordo com a revista Veja, Valério contou em depoimento ao Ministério Público do Estado de São Paulo que foi chamado ao Palácio do Planalto em 2003 pelo então chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto de Carvalho, para resolver um problema. No encontro, o funcionário da Presidência afirmou que o empresário Ronan Maria Pinto, que participava de um esquema de cobrança de propina na prefeitura de Santo André, ameaçou envolver a cúpula do Planalto no caso do assassinato de Celso Daniel.
Valério disse aos procuradores ter entendido que resolver o problema significava comprar o silêncio do empresário, o que foi feito, segundo ele, em uma reunião em um hotel em São Paulo. De acordo com o operador financeiro, quando solicitou o dinheiro, Ronan afirmou que não ia “pagar o pato” sozinho e que citaria Lula como mandante da morte do ex-prefeito.
Segundo a revista, as acusações contra o ex-presidente e outros petistas fizeram o promotor Roberto Wider Filho encaminhar o depoimento de Valério ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, que o anexou a uma investigação sigilosa que está em curso. Segundo inquérito já concluído da Polícia Civil, o assassinato foi um crime comum, sem motivação política.
PT responde
Em nota, o Partido dos Trabalhadores afirmou que a entrevista é mentirosa e que a denúncia feita por Valério já havia sido feita outra vezes, mas sem desdobramentos legais.
“Veja é falsa desde a capa até o ponto final da matéria. Apresenta como se fosse ‘recente’ um depoimento prestado por Marcos Valério em 17 e 18 de outubro do ano passado e que não gerou desdobramentos. Mente ao dizer que o caso Celso Daniel ‘foi reaberto’ a partir daquele depoimento, pois nenhum novo procedimento foi gerado, até porque os supostos fatos narrados estariam prescritos”, afirma o partido.