A partir de hoje (2), a Bolívia assume o controle integral da produção interna e da comercialização de petróleo e gás, anunciou ontem o presidente Evo Morales. Durante as festas de comemoração do Dia do Trabalhador, Evo desligou e religou as refinarias, para simbolizar um novo começo. O governo boliviano decretou a nacionalização do petróleo há cerca de um ano.
Ao fazer o anúncio oficial, o presidente da Bolívia confirmou que a nacionalização também atingirá a telefonia e o sistema financeiro, com a criação de um banco de fomento.
As exportações de gás natural para o Brasil não serão afetadas. Segundo disse a assessoria da Petrobras ao jornal Folha de S. Paulo, como o Brasil já havia concordado com a reestatização dos ativos de petróleo e gás, nada muda nas relações comerciais com a Bolívia.
A estatal brasileira e a equivalente boliviana seguem negociando o ressarcimento pela nacionalização de duas refinarias brasileiras. "As negociações continuam desde maio de 2006 até agora e esperamos achar uma boa solução", afirmou o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em entrevista coletiva em Houston, nos Estados Unidos. Ele participa da Offshore Technology Conference (OTC), maior evento da indústria de petróleo offshore no mundo.
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Ontem, Evo Morales mandou um recado velado ao governo brasileiro: "Algumas empresas dizem que vão nos processar no CIADI [Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos]. Mas nós decidimos sair do CIADI porque só os Estados Unidos saíram vitoriosos neste organismo de arbitragem internacional. Todos os demais perderam e as empresas sempre saíram ganhando". (Carol Ferrare)