Blairo afirma que, embora a bancada no Senado atue com independência, a maioria dos parlamentares do PR segue a cartilha de Valdemar e do deputado Alfredo Nascimento (PR-AM), ex-ministro dos Transportes. “Quero fazer a minha opção política. Fazer política em um partido mais orgânico, que seja maior, que tenha inserção na disputa eleitoral”, explica o senador. Com a saída dele, o PR terá apenas três nomes no Senado: Wellington Fagundes (MT), Vicentinho Alves (TO) e Magno Malta (ES).
Leia também
Um dos membros da bancada ruralista de maior influência no Congresso, Blairo, 59 anos, é também um dos parlamentares federais mais ricos. Seu nome figura na lista dos bilionários da revista Forbes. Segundo a edição divulgada em março, ele tem fortuna pessoal avaliada em US$ 1,2 bilhão. Próximo ao ex-presidente Lula, Blairo Maggi foi governador de Mato Grosso, por duas vezes, e teve participação marcante na discussão do Código Florestal.
Na oportunidade, embora tivesse a imagem de adversário dos ambientalistas (chegou a ganhar o Prêmio Motosserra de Ouro), terminou se revelando um negociador hábil, que em vários momentos contribuiu para conciliar as posições antagônicas entre os então radicalizados grupos de produtores rurais e de ecologistas. O senador já foi conhecido como “rei da soja”, na condição de maior produtor mundial do grão. Nos últimos anos, no entanto, esse título passou ao seu primo, Eraí Maggi.
Namoro antigo
Blairo disse que, ao entrar para o PMDB, volta à legenda pela qual militou no tempo da faculdade, ainda no Paraná, estado onde nasceu e se graduou em Agronomia (pela Universidade Federal do Paraná). “No tempo de universidade fiz política estudantil no MDB. Após a formatura, fui morar em Mato Grosso e sempre tive vontade de me filiar ao PMDB. Mas quando me candidatei a governador o PMDB tinha posições diferentes das minhas”, afirma.
PublicidadeO senador defende que a bancada peemedebista atue com independência em relação ao governo. “O partido deve buscar seu próprio rumo nas políticas de interesse público, fazendo um enfrentamento com o governo sem sair da base. Pelo tamanho do partido, ele precisa saber qual é o rumo. Fazer enfrentamento e reformas. Muitas coisas não dependem da presidência, podem ser feitas pelo Congresso”, avalia.
Mudanças no Senado
Os novos rumos políticos de Blairo Maggi são mais uma indicação de que está aberta a temporada de migração partidária no Senado. Em abril, a senadora Marta Suplicy (SP) anunciou sua saída do PT, depois de três décadas de militância. Ontem foi a vez da senadora Lúcia Vânia (GO) anunciar sua desfiliação do PSDB, após 20 anos de vida partidária.
No mês passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, em cargos majoritários, como governador e senador, o mandato não pertence ao partido, diferentemente do que ocorre na Câmara. Ou seja, pelas regras da fidelidade partidária, apenas deputados federais, estaduais e vereadores estão sujeitos à perda do mandato por trocarem de partido.