Na semana em que será apresentado o relatório parcial com a lista de parlamentares envolvidos na máfia das ambulâncias, a cúpula da CPI dos Sanguessugas teme pressões que possam enfraquecer o trabalho. Ontem, o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), mostrou-se cauteloso com a proposta do relator da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO). O relator informou no sábado que deseja pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 21 parlamentares que teriam recebido dinheiro em espécie da máfia que desviava recursos do Orçamento.
Biscaia se disse preocupado com a demora no processo de quebra do sigilo dos envolvidos no escândalo. Para ele, já há provas contra a maior parte dos parlamentares citados. Por isso, diz Biscaia, a quebra de sigilo deveria ser feita em uma segunda fase apenas para casos com indícios, mas sem comprovação documental ou testemunhal. Como os dados de sigilo bancário demoram para chegar à CPI, ele quer evitar a dispersão dos trabalhos. Teme ainda manobras que desviem o foco da CPI.
“Não vou aceitar a exclusão de quem está envolvido. Temos que ter cuidado com a quebra de sigilo bancário. Até porque, se um parlamentar recebeu em dinheiro vivo, não precisa ter entrada na conta corrente. Só podemos aceitar a quebra do sigilo para casos em que há uma dúvida consistente, mas que ainda não há prova”, diz Biscaia, em reportagem do jornal O Globo desta segunda-feira.
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Excesso de depoimentos pode enfraquecer acusações
O presidente da CPI também teme que o excesso de depoimentos do chefe da máfia das ambulâncias, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, enfraqueça as primeiras acusações feitas por ele à Justiça Federal. Biscaia quer evitar que Vedoin sofra pressão para amenizar a primeira versão do depoimento.
O vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), advertiu para a ação de parlamentares nesta semana decisiva. “A pressão na CPI será imensa. Tenho certeza de que vai ser uma semana duríssima. Temos que evitar a fragmentação e manter o compromisso de apresentar resultados antes das eleições”, disse, na matéria de Gerson Camarotti.
Jungmann também foi cauteloso quanto à quebra de sigilo. “Temos que ter cuidado porque a quebra de sigilo inviabiliza qualquer resultado antes da eleição.”