Ao deixar a reunião sobre alianças eleitorais realizada pela Executiva Nacional do PT, o presidente nacional do sigla, deputado Ricardo Berzoini (SP), descartou, há pouco, uma eventual aliança com o PSDB na disputa eleitoral pela prefeitura de Belo Horizonte (MG). Segundo ele, o caso da capital mineira tomou boa parte da reunião do Diretório Nacional, em função “não apenas da proposta apresentada, mas principalmente pelo tom que se tem dado a ela”, como se fosse algo que pudesse aproximar PT e PSDB.
“Nós não acreditamos que haja qualquer ambiente para isso [aliança em BH]. Temos uma avaliação de que nossa visão programática para o país é antagônica à do PSDB”, disse Berzoini, comparando os governos FHC e Lula. “O governo FHC levou o Brasil a um impasse econômico e social, e o governo Lula está tirando o Brasil desse impasse”.
O petista também afirmou que todas as discussões sobre eventuais alianças, em nível municipal, deverão ser submetidas à Executiva Nacional do partido, que terá a palavra final. Além disso, Berzoini ressaltou que, no caso de uma proposta formal apresentada pelo PSDB, no caso de Minas Gerais, "obviamente todos os interessados serão ouvidos". O deputado se referia aos diretórios municipais e estaduais, ao prefeito de Belo Horizonte (o petista Fernando Pimentel) e a "lideranças importantes", como deputados federais e ministros de estado petistas.
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Berzoini acrescentou que não são só improváveis as alianças entre PT e partidos de oposição como também a "reciprocidade" das alianças nas eleições presidencias de 2010. "O Diretório Nacional rejeitou hoje a idéia de que há compromissos programáticos possíveis entre PT e PSDB, muito menos oferecer qualquer tipo de reciprocidade para 2010."
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), candidata petista à prefeitura de Porto Alegre, também sinalizou que a aliança tucano-petista é improvável. “O PT não recomendará nenhuma aliança com partidos de fora da base de sustentação ao governo Lula”, disse a parlamentar ao sair da reunião do Diretório Nacional do PT. “Estrela e tucano não se bicam”, resumiu antes do encontro partidário.
Duas hipóteses
O secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP), confirmou as poucas chances de aliança entre PT e PSDB, principalmente em Belo Horizonte, mas não descartou enfaticamente a possibilidade de entendimento que leve a uma aproximação entre as legendas.
Ao final do encontro, que reuniu cerca de 60 petistas, Cardozo trouxe um papel cujo conteúdo seria a resolução final do PT em relação às eventuais alianças (leia abaixo). De acordo com o demonstrativo informal da resolução, o partido considera duas hipóteses a serem submetidas à apreciação da Executiva Nacional: as alianças em capitais estaduais, cidades que tenham mais de 220 mil habitantes e transmissão de horário eleitoral gratuito devem passar pelo referendo da Executiva; em cidades que não tenham essas características, será responsabilidade dos diretórios municipais e estaduais deliberar sobre as alianças, cabendo recurso por parte da direção nacional do PT.
"Há uma divisão de perfil nessas situações em municípios", disse Cardozo, admitindo situações extraordinárias. "Só em casos excepcionais é que se poderá fazer alianças com esses [partidos] que estão fora da base de apoio ao governo Lula."
Cardozo adiantou que, na próxima reunião da Executiva Nacional, serão ouvidos o prefeito de Belo Horizonte, José Pimentel, membros do Diretório Nacional e os presidentes dos diretórios municipais. Eles se manifestarão sobre o caso de uma eventual aliança em Minas Gerais, e se reunirão para "acompanhar o processo". "Mas não se tomou nenhuma decisão em relação a nenhuma cidade específica", concluiu Cardozo. (Fábio Góis e Rodolfo Torres)
Leia a resolução da reunião de hoje:
"Eventuais alianças com partidos que estejam fora da base de apoio ao governo Lula devem ser tratadas como exceções, que serão debatidas e deliberadas em encontro municipal, referendadas pela executiva estadual, cabendo recurso à direção nacional. No caso das capitais de estado, cidades com mais de 200 mil eleitores e cidades que transmitem horário eleitoral gratuito de TV, eventuais alianças com partidos que estão fora da base de apoio ao governo Lula devem ser tratadas como exceções, que serão debatidas e deliberadas em encontro municipal, referendadas pela executiva estadual e, obrigatoriamente, aprovadas pela Comissão Executiva Nacional do PT."
Atualizada às 22:10 de 24.03.2008.