Em entrevista coletiva convocada hoje (5), o senador Magno Malta (PR-ES) denunciou que o traficante Fernandinho Beira-Mar, preso na superintendência da Polícia Federal em Campo Grande (MS), planeja seqüestrar uma de suas três filhas – ou até ele mesmo. A informação foi repassada ao senador pelo “Senhor X”, um informante da PF que, depois de cumprir pena por tráfico de drogas, infiltrou-se em grupo criminosos para auxiliar em investigações da polícia.
O Senhor X, que estava encapuzado na coletiva concedida nesta tarde, em uma das salas de comissão do Senado, é o mesmo informante que auxiliou Magno Malta em 1999 e 2000, quando o senador presidiu a CPI do Narcotráfico na Câmara dos Deputados. Segundo Magno, as informações prestadas à época foram confirmadas, o que sinalizaria a credibilidade da nova denúncia.
Segundo o delator, o plano de seqüestro foi revelado pela irmã do traficante, Alessandra. De acordo com ela, deputados, senadores, juízes e até parentes dessas autoridades estariam no alvo dos seqüestradores, e seriam usados como moeda de troca para tirar Beira-Mar da prisão. Ou apenas para desviar a atenção da polícia durante uma eventual fuga do traficante. Magno Malta e uma de suas filhas estariam entre os principais “seqüestráveis”.
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“Ela disse que ele está aparecendo muito na televisão, já apareceu muito na época da CPI do Narcotráfico. ‘Ele sabe que ele deve pra gente. Então, a gente quer a cabeça ou dele ou da filha dele’”, revelou o Senhor X, reproduzindo parte do que a irmã do traficante teria dito.
Descoberto o plano, Beira-Mar e outros bandidos de alta periculosidade, como o colombiano Juan Carlos Abadia, foram transferidos dos presídios de segurança máxima em que cumpriam penas para a Superintendência da PF. A remoção foi feita ontem (4) pelos agentes do órgão.
Além de Magno Malta e o Senhor X, o vice-presidente da CPI da Pedofilia (presidida por Malta), Romeu Tuma (PTB-SP), também participou da coletiva. Policial de formação e desde 1991 ocupando uma vice-presidência da Organização Internacional de Polícia Criminal (OIPC-INTERPOL), Tuma tem longo histórico de atividades em segurança pública, tendo inclusive acumulado as funções de Secretário da Polícia Federal e da Receita Federal no início dos anos 90.
Magno Malta disse que as ameaças não o impedirão de dar prosseguimento às investigações já bastantes adiantadas da CPI da Pedofilia, e que sua família já está sob proteção policial. “Vamos continuar, não vamos nos calar. Pelo contrário, nós vamos fundo. Temo pelas minhas filhas, mas sei que quem guarda minha família é Deus. A causa é justa”, disse Malta, que é evangélico. (Fábio Góis)