O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou hoje (19) que a Polícia Federal (PF) não vai permitir a exibição de imagens do dinheiro apreendido em São Paulo, que seria usado para comprar um dossiê contra o candidato tucano ao governo paulista, José Serra.
"É preciso que as pessoas entendam que o Brasil mudou. Hoje não é mais como naquele tempo em que se faziam imagens para jogar na televisão e destruir candidaturas. Não vamos fazer isto neste momento", disse o ministro.
Bastos ainda ressaltou que já está observando na mídia a exploração política do fato. "Querem gerar uma imagem para prejudicar claramente a campanha do presidente Lula, que está com 50 por cento dos votos", afirmou.
As declarações foram uma resposta às constantes cobranças da oposição, que pretende divulgar as fotos da apreensão do dinheiro na propaganda eleitoral gratuita.
Entenda o caso
Na última quinta-feira (14), a PF abordou em Cuiabá (MT) Paulo Roberto Trevisan, tio de Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam, quando embarcava para a capital paulista com uma fita de vídeo, um DVD, uma agenda e seis fotos de Serra em um evento para a entrega de ambulâncias compradas pelo esquema das sanguessugas.
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Roberto contou que se encontraria com o empresário Valdebran Padilha e o advogado Gedimar Pereira Passos para vender o material por R$ 1,7 milhão. O primeiro é ligado ao PT de Mato Grosso e o segundo atua no comitê de campanha presidencial. Eles foram detidos e ouvidos na sede da PF. Segundo os agentes, Gedimar representava o partido na transação e Valdebran, a família Vedoin.
Valdebran Padilha revelou aos agentes que, naquele dia, recebeu R$ 1 milhão de Gedimar para a compra dos documentos. O restante do dinheiro seria pago posteriormente. A negociação com os donos da Planam em troca do dossiê havia começado em R$ 20 milhões, valor considerado alto demais pelo teor dos documentos. Os empresários baixaram o valor para R$ 10 milhões e, finalmente, fecharam acordo em R$ 2 milhões.